Papa: "Cristãos são povo de esperança, porque sabem esperar Jesus"
Cidade do Vaticano
(RV) – “O cristão é um homem ou uma mulher que sabe esperar Jesus, e por isso,
é um homem ou uma mulher de esperança”. Foi este o centro da homilia da missa da manhã
de terça-feira, 21, presidida pelo Papa na Casa Santa Marta.
“Os cristãos
são um povo que sabe esperar e na espera, cultivam uma sólida esperança”. Francisco
refletiu ligando o Evangelho de Lucas e a Carta de São Paulo aos Efésios: no primeiro,
Cristo fala aos discípulos comparando-se ao patrão que volta tarde de uma festa de
casamento e chama os servos que o aguardavam acordados e com as lâmpadas acesas de
‘beatos’. Na cena seguinte, Jesus se faz servo de seus servidores e lhes serve o almoço
na mesa.
O Papa observou: “O primeiro serviço que o Mestre fez aos cristãos
foi lhes dar ‘identidade’, e relacionando este ponto às palavras de Paulo aos pagãos,
disse: “Recordem-se que naquele tempo estavam sem Cristo, excluídos da cidadania de
Israel”. Francisco reiterou ainda que “o que Jesus veio fazer conosco foi dar-nos
a cidadania, a pertença a um povo; nome e sobrenome”. Assim, como inimigos sem paz,
Cristo nos uniu com seu sangue, abatendo o muro de separação que divide:
“Todos
nós sabemos que quando não estamos em paz com as pessoas, eleva-se um muro, um muro
que divide; mas Jesus nos oferece seu serviço: abate este muro para que nos encontremos.
E se estivermos divididos, não seremos amigos, mas inimigos. E fez ainda mais para
nos reconciliar em Deus. Reconciliou-nos com Deus: de inimigos a amigos; de estranhos
a filhos”.
De “gente de rua”, de pessoas que nem eram “hóspedes”, somos
“compatriotas dos Santos e familiares de Deus”, como diria São Paulo. Isto é o que
criou Jesus com a sua vinda. Mas qual é a condição?”, questionou o Papa. “Esperá-lo,
aguardá-lo como os servos fizeram com seu patrão”.
“Esperar Jesus. Quem
não espera Jesus, fecha a porta a Ele, não deixa que faça esta obra de paz, de comunidade,
de cidadania, e mais ainda: de nome. Ele nos dá um nome. Nos faz filhos de Deus. Esta
é a atitude de esperar Jesus, que está dentro da esperança cristã. O cristão é um
homem ou uma mulher de esperança. Sabe que o Senhor virá. E realmente virá, hein?
Não sabemos a hora, como eles, mas virá para nos encontrar. Não isolados, inimigos,
isso não. Virá para nos encontrar como Ele nos fez com o seu serviço: amigos próximos,
em paz”.
A este ponto, conclui o Papa Francisco, há outra pergunta que
o cristão pode se colocar: como espero Jesus? Ou melhor: “espero ou não espero?”:
“Eu
acredito nesta esperança, que Ele virá? Eu tenho o coração aberto, para ouvir o barulho,
quando bate à porta, quando abre a porta? O cristão é um homem ou uma mulher que sabe
esperar Jesus e por isso é homem ou mulher de esperança. Ao invés, o pagão – e muitas
vezes nós cristãos nos comportamos como os pagãos – se esquece de Jesus, pensa em
si mesmo, nas suas coisas, não espera Jesus. O egoísta pagão faz como se fosse um
deus: ‘Eu me viro sozinho’. E essa pessoa acaba mal, acaba sem nome, sem proximidade,
sem cidadania”.