2014-10-21 11:34:24

Card. Parolin sobre OM: "Ir à raiz do problema e reconhecer erros do passado"


Cidade do Vaticano (RV) – “Evitar uma solução militar unilateral e dialogar com o Islã; pretender que os líderes muçulmanos tomem distância do chamado Califado, contribuindo para o amadurecimento no Islã da distinção entre religião e Estado; e encorajar os cristãos e as outras minorias a não abandonarem Iraque e Síria”.

Foi o teor do discurso feito pelo Secretário de Estado, Pietro Parolin, segunda-feira, 20, no Vaticano. O cardeal, abrindo o Consistório que reuniu 86 cardeais e patriarcas ao redor do tema Oriente Médio, referiu sobre alguns pontos e linhas de trabalho que emergiram na reunião de expoentes da Cúria com os núncios na região, de 2 a 4 de outubro. Dom Parolin recomendou aos patriarcas orientais que “não aceitem a proteção de autoridades políticas ou militares para ‘garantir’ a própria sobrevivência”.

“Os católicos, como um pequeno rebanho, têm a vocação de ser fermento na massa”, disse. “Unidos entre si e com os fiéis de outras Igrejas e confissões, e colaborando com os muçulmanos, são chamados a ser artífices de paz e de reconciliação e, sem ceder à tentação de se ‘deixar proteger’, devem oferecer sua contribuição insubstituível às sociedades que atravessam processos de transformação rumo à modernidade, à democracia, o estado de direito e o pluralismo”.

O cardeal diplomata voltou ainda sobre o uso da força para deter as agressões e proteger os cristãos e outros grupos da perseguição. A este respeito, reiterou que é lícito deter o agressor injusto, desde que no respeito do direito internacional, assim como afirmado pelo Papa Francisco. “A comunidade internacional deve ir à raiz do problema, reconhecer os erros do passado e tentar favorecer um futuro de paz e desenvolvimento, colocando no centro sempre o bem da pessoa e o bem comum”.

Em relação ao chamado Estado Islâmico, deve ser prestada atenção também às fontes que financiam suas atividades terroristas, que lhe oferecem apoio político, comerciam ilegalmente petróleo e fornecem armas e tecnologia. “Trata-se de uma entidade que pisoteia o direito e adota métodos terroristas para tentar expandir seu poder”.

Dom Parolin tocou o tema das responsabilidades da comunidade internacional, sublinhou o direito dos fugitivos de voltar a seus países e evidenciou a necessidade de prevenir possíveis novos genocídios. Quanto ao risco do êxodo dos cristãos, disse que é um “problema delicado”, pois para que eles permaneçam em seus países, devem ter condições adequadas de vida, segurança, trabalho, além de perspectivas para o futuro.

Ainda em seu discurso, o cardeal mencionou o Líbano, que deve ser “independente, soberano, íntegro e livre” e a necessidade do “envolvimento” do Irã na resolução da crise na Síria e no Iraque e na luta contra o chamado Estado Islâmico.
(CM)








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