Card. Parolin sobre OM: "Ir à raiz do problema e reconhecer erros do passado"
Cidade do Vaticano (RV) – “Evitar uma solução militar unilateral e dialogar
com o Islã; pretender que os líderes muçulmanos tomem distância do chamado Califado,
contribuindo para o amadurecimento no Islã da distinção entre religião e Estado; e
encorajar os cristãos e as outras minorias a não abandonarem Iraque e Síria”.
Foi
o teor do discurso feito pelo Secretário de Estado, Pietro Parolin, segunda-feira,
20, no Vaticano. O cardeal, abrindo o Consistório que reuniu 86 cardeais e patriarcas
ao redor do tema Oriente Médio, referiu sobre alguns pontos e linhas de trabalho que
emergiram na reunião de expoentes da Cúria com os núncios na região, de 2 a 4 de outubro.
Dom Parolin recomendou aos patriarcas orientais que “não aceitem a proteção de autoridades
políticas ou militares para ‘garantir’ a própria sobrevivência”.
“Os católicos,
como um pequeno rebanho, têm a vocação de ser fermento na massa”, disse. “Unidos entre
si e com os fiéis de outras Igrejas e confissões, e colaborando com os muçulmanos,
são chamados a ser artífices de paz e de reconciliação e, sem ceder à tentação de
se ‘deixar proteger’, devem oferecer sua contribuição insubstituível às sociedades
que atravessam processos de transformação rumo à modernidade, à democracia, o estado
de direito e o pluralismo”.
O cardeal diplomata voltou ainda sobre o uso
da força para deter as agressões e proteger os cristãos e outros grupos da perseguição.
A este respeito, reiterou que é lícito deter o agressor injusto, desde que no respeito
do direito internacional, assim como afirmado pelo Papa Francisco. “A comunidade internacional
deve ir à raiz do problema, reconhecer os erros do passado e tentar favorecer um futuro
de paz e desenvolvimento, colocando no centro sempre o bem da pessoa e o bem comum”.
Em relação ao chamado Estado Islâmico, deve ser prestada atenção também às fontes
que financiam suas atividades terroristas, que lhe oferecem apoio político, comerciam
ilegalmente petróleo e fornecem armas e tecnologia. “Trata-se de uma entidade que
pisoteia o direito e adota métodos terroristas para tentar expandir seu poder”.
Dom
Parolin tocou o tema das responsabilidades da comunidade internacional, sublinhou
o direito dos fugitivos de voltar a seus países e evidenciou a necessidade de prevenir
possíveis novos genocídios. Quanto ao risco do êxodo dos cristãos, disse que é um
“problema delicado”, pois para que eles permaneçam em seus países, devem ter condições
adequadas de vida, segurança, trabalho, além de perspectivas para o futuro.
Ainda
em seu discurso, o cardeal mencionou o Líbano, que deve ser “independente, soberano,
íntegro e livre” e a necessidade do “envolvimento” do Irã na resolução da crise na
Síria e no Iraque e na luta contra o chamado Estado Islâmico. (CM)