Santa Sé: "Cultura de inclusão é responsabilidade de todos"
Cidade do Vaticano (RV) – O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso,
presidido pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran, enviou na manhã de segunda-feira,
20, a tradicional mensagem para a festa ‘Deepavali’, que a comunidade hindu celebra
este ano em 23 de outubro. O tema da festa, nesta edição, é “Promover juntos uma
cultura de inclusão”, que enfrenta a questão da crescente discriminação, violência
e exclusão em todo o mundo.
A mensagem parte do pressuposto que a globalização
abriu muitas fronteiras e forneceu novas oportunidades para desenvolver, entre outras
coisas, melhores chances educacionais e de saúde. “Ela deu início a uma maior consciência
da democracia e da justiça social no mundo, e nosso planeta tornou-se verdadeiramente
uma ‘aldeia global’, graças também aos modernos meios de comunicação e de transporte.
No entanto, é preciso ressalvar que a globalização não atingiu o seu objetivo primordial
de integrar as populações locais e a comunidade global. Em vez disso, a globalização
tem contribuído significativamente para que muitos povos percam suas identidades socioculturais,
econômicas e políticas”.
Os efeitos negativos da globalização também tiveram
um impacto sobre as comunidades religiosas em todo o mundo e na verdade, a globalização
tem contribuído para a fragmentação da sociedade e o aumento do relativismo e do sincretismo
em questões religiosas. O fundamentalismo religioso e a violência étnica, tribal e
sectária em diferentes partes do mundo hoje se expressam com manifestações de descontentamento,
incerteza e insegurança entre os povos, especialmente os pobres e marginalizados,
que foram excluídos dos benefícios da globalização.
A mensagem prossegue refletindo
sobre outras consequências negativas da globalização: o materialismo e o consumismo
generalizados, que têm tornado as pessoas mais egoístas, sedentas de poder e indiferentes
aos direitos, necessidades e sofrimentos dos outros.
É o que o Papa Francisco
define como “globalização da indiferença”, que nos faz lentamente acostumar com o
sofrimento alheio e fecharmo-nos em nós mesmos (Mensagem para o Dia Mundial da Paz,
2014). Tal indiferença dá origem à “cultura da exclusão”, em que aos pobres, marginalizados
e vulneráveis são negados os seus direitos, bem como as oportunidades e os recursos
que estão disponíveis para outros membros da sociedade.
“São tratados como
insignificantes, dispensáveis, onerosos e desnecessários, são usados e até mesmo descartados
como objetos. De várias maneiras, a exploração de crianças e mulheres, a negligência
com os idosos, doentes, migrantes e refugiados, e a perseguição de minorias são certamente
indicadores desta cultura de exclusão”.
A Santa Sé, por meio deste Pontifício
Conselho, afirma que “criar uma cultura de inclusão é um convite comum e uma responsabilidade
partilhada que deve ser urgentemente realizada".
Concluindo, os votos são que
“fundamentados em nossas próprias respectivas tradições religiosas e convicções comuns,
que possamos, hindus e cristãos, unidos a fiéis de outras religiões e pessoas de boa
vontade, promover uma cultura de inclusão em prol de uma sociedade justa e pacífica”.
A
mensagem é assinada pelo Cardeal Jean-Louis Lauran e pelo Padre Ángel Ayuso Guixot,
Secretário do seu dicastério. (CM)