Cidade do Vaticano
(RV) – Paulo VI é Beato. Na Missa celebrada na Praça São Pedro neste domingo,
19 de Outubro, na presença de 70 mil pessoas, o Papa Francisco, beatificou o Papa
Montini, que instituiu o Sínodo, e concluiu o Sínodo Extraordinário para a Família.
Meditando o Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum, o Pontífice dedicou sua homilia
ao Sínodo e ao “timoneiro do Concílio Vaticano II”, Paulo VI, que soube “dar a Deus
o que é de Deus”, dedicando toda a sua vida a este “dever sacro, solene e gravíssimo:
continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo”. O Papa Emérito Bento
XVI estava presente na cerimônia.
A imagem de Paulo VI sorridente com as mãos
voltadas ao alto ilustrava a fachada da Basílica São Pedro, num domingo de céu azul
e temperatura agradável. O rito de beatificação deu-se no início da celebração. O
Bispo de Bréscia e Postulador da Causa, agradeceu ao Santo Padre pelo dom da Beatificação
de Montini.
Francisco iniciou a homilia refletindo sobre a célebre frase pronunciada
por Jesus "dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus", uma "resposta irônica"
- observou Francisco - às provocações dos fariseus, e "uma resposta útil que o
Senhor dá a todos aqueles que sentem problemas de consciência, sobretudo quando estão
em jogo as suas conveniências, as suas riquezas, o seu prestígio, o seu poder e a
sua fama".
“Dar a Deus o que é de Deus” significa, por sua vez, “reconhecer
e professar, mesmo diante de qualquer tipo de poder, que só Deus é o Senhor do homem
e não há outro” - explicou o Papa - e “abrir-se à sua vontade e dedicar-Lhe a nossa
vida, cooperando para o seu Reino de misericórdia, amor e paz”. E ressaltou, que devemos
descobrir a cada dia esta novidade para vencer “o temor que muitas vezes sentimos
perante as surpresas de Deus”:
“Ele não tem medo das novidades! Por isso
nos surpreende continuamente, abrindo-nos e levando-nos para caminhos inesperados.
Ele renova-nos, isto é, faz-nos «novos» continuamente. Um cristão que vive o Evangelho
é «a novidade de Deus» na Igreja e no mundo. E Deus ama tanto esta «novidade»!”
Nisto
– disse o Pontífice – “está a nossa verdadeira força, o fermento que faz levedar e
o sal que dá sabor a todo o esforço humano contra o pessimismo predominante que o
mundo nos propõe”, e nisto reside a nossa esperança, “que não é uma fuga da realidade”,
mas leva o cristão a fixar o olhar “na realidade futura, a realidade de Deus, para
viver plenamente a existência – com os pés bem fincados na terra – e responder, com
coragem, aos inúmeros desafios novos”.
Após o Pontífice falou sobre o Sínodo
Extraordinário dos Bispos, dizendo que pastores e leigos de todo o mundo trouxeram
a Roma a voz de suas Igrejas particulares para ajudar as famílias de hoje a caminhar
na estrada do Evangelho, com o olhar fixo em Jesus:
“Foi uma grande experiência,
na qual vivemos a sinodalidade e a colegialidade e sentimos a força do Espírito Santo
que sempre guia e renova a Igreja, chamada sem demora a cuidar das feridas que sangram
e a reacender a esperança para tantas pessoas sem esperança”.
O Papa pediu
que o Espírito Santo que lhes permitiu “nestes dias laboriosos, trabalhar generosamente
com verdadeira liberdade e humilde criatividade, continue a acompanhar o caminho que
nos prepara, nas Igrejas de toda a terra, para o Sínodo Ordinário dos Bispos no próximo
Outubro de 2015”.
Voltando seu olhar a seguir para Paulo VI, recordou as palavras
com que ele instituiu o Sínodo dos Bispos: “Ao perscrutar atentamente os sinais dos
tempos, procuramos adaptar os métodos (...) às múltiplas necessidades dos nossos dias
e às novas características da sociedade”, para então afirmar:
“Sobre este
grande Papa, este cristão corajoso, este apóstolo incansável, diante de Deus hoje
só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: Obrigado! Obrigado,
nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho
de amor a Cristo e à sua Igreja!”.
Ao recordar trechos do diário do Papa
Montini, após o encerramento do Concílio Vaticano, Francisco sublinhou que ele soube,
“quando se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, reger com clarividente sabedoria
– e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e
a confiança no Senhor”. (JE)