Audiência: a esperança cristã não é simples otimismo
Cidade do Vaticano
(RV) – O Papa Francisco deu uma pausa nos trabalhos sinodais para se encontrar
nesta quarta-feira, 15 de outubro, com cerca de 30 mil fiéis para a Audiência Geral.
Antes
de tomar a palavra, como sempre o Pontífice percorreu toda a Praça S. Pedro a bordo
do seu papamóvel para receber e retribuir o carinho dos peregrinos. Ao se dirigir
a eles, Francisco discorreu sobre “A noiva à espera do seu noivo”, prosseguindo seu
ciclo de catequeses sobre o tema da “Igreja”.
A Igreja, explicou o Papa, é
o povo de Deus que segue o Senhor Jesus e que se vai preparando dia após dia para
o encontro com Ele, como uma noiva para o seu noivo. E não se trata de simples retórica,
mas são verdadeiras núpcias, porque Cristo, fazendo-Se homem como nós e fazendo de
todos nós um só com Ele, com a sua morte e ressurreição, desposou verdadeiramente
a nossa humanidade e fez de nós a sua esposa.
“’E assim estaremos sempre com
o Senhor’: essas palavras de São Paulo estão entre as mais belas do Novo Testamento”,
disse o Papa. “Palavras simples, mas com uma densidade de esperança muitos grande”,
prosseguiu Francisco, pedindo que a multidão repetisse três vezes essa frase.
Já
o livro do Apocalipse apresenta a Igreja como uma noiva preparada para o seu noivo:
a noiva, porém, é apresentada não como simples indivíduo, mas como uma cidade, “a
nova Jerusalém”.
Sendo a cidade o símbolo por excelência do relacionamento
e convivência humanos, acrescentou o Papa, podemos desde já contemplar todas as nações
e povos nela congregados como numa tenda, a tenda de Deus. Nesta cidade, não existirá
egoísmo, nem prevaricação, nem divisão de qualquer gênero – de natureza social, étnica
ou religiosa –, mas todos serão um só em Cristo.
Chega assim à sua plena realização
o projeto de comunhão e amor tecido por Deus no decurso de toda a história. A missão
da Igreja é manter acesa e à vista de todos a candeia da esperança, que não é simples
otimismo. Para um cristão, a esperança é espera fervorosa, apaixonada da realização
última e definitiva de um mistério, do mistério do amor de Deus.
“Queridos
irmãos e irmãs, eis então o que esperamos: a volta de Jesus!”, disse o Papa, perguntando
porém se nossas comunidades vivem esta espera numa atitude calorosa, ou de maneira
cansada e resignada.
“Estejamos atentos”, exortou o Pontífice, dirigindo-se
a Maria, para que Ela nos mantenha sempre numa atitude de escuta e espera, para participar
um dia da alegria sem fim, na plena comunhão com Deus.
“E assim estaremos
sempre com o Senhor”, finalizou o Papa, pedindo novamente que os fiéis repetissem
mais três vezes esta frase.
Ao final da catequese, o Papa saudou os vários
grupos presentes na Praça. Aos de língua portuguesa, disse: “Queridos peregrinos de
língua portuguesa e em particular os fiéis das paróquias e associações do Brasil,
sede bem-vindos! De coração vos saúdo a todos, confiando ao bom Deus a vossa vida
e a dos vossos familiares. Rezai também vós por mim! Que as vossas famílias se reúnam
diariamente para a reza do terço sob o olhar da Virgem Mãe, para que nelas não se
acabe jamais o óleo da fé e da alegria, que brota da vida dos seus membros em comunhão
com Deus!”.
Francisco mencionou ainda seus dois predecessores: João Paulo II,
pois no dia 16 de outubro celebra-se o aniversário de sua eleição à Sé de Pedro (em
1978), e Bento XVI, ao saudar os participantes do IV Congresso da Fundação Ratzinger,
que terá lugar em Medellín (Colômbia).