Bíblia para todos: famílias são presenteadas com 15 mil cópias na Praça São Pedro
Cidade do Vaticano (RV) - Quinze mil cópias da Bíblia, na nova versão dos textos
antigos, foram distribuídas no domingo (5), durante o Angelus, na Praça São Pedro.
A iniciativa era para celebrar o centenário de fundação da obra do Beato Giacomo Alberione
e, também, o início do Sínodo dos Bispos sobre a família.
Em 1960, o Beato
Giacomo Alberione imprimiu um milhão de cópias da Palavra de Deus. Como naquela época,
o objetivo de hoje era chegar em todas as casas, até as mais distantes periferias.
Segundo recentes pesquisas realizadas na Itália, 8 de cada 10 habitantes têm uma Bíblia,
mas tê-la em casa nem sempre significa conhecê-la. Por que então lê-la próprio hoje?
Il biblista Dom Giacomo Perego foi quem conduziu o projeto editoral da nova Bíblia,
editada pela 'San Paolo', e responde à entrevista feita pela Rádio Vaticano.
Dom
Perego - "O motivo para lê-la hoje é o motivo de sempre: encontrar Deus e encontrar
nós mesmos. A Palavra de Deus é uma palavra que ajuda a nos envolvermos no mistério
de Deus, mas, também, a descobrir que é a grandeza do homem aos olhos de Deus. O fato
que, hoje, 8 de cada 10 pessoas tenham a Bíblia em casa, mas que talvez fazem fatiga
para abri-la, é porque se trata de um livro que ainda assusta um pouco."
Radio
Vaticano - Não se improvisa a abordar o livro...
Dom Perego - "Absolutamente,
não. Pode-se improvisar, talvez, uma ou duas vezes; existem alguns movimentos que
sugerem isso, em clima de oração, de abrir a Bíblia por acaso e, depois, deixar-se
guiar daquilo que o Senhor doa. Pode ser uma escolha arriscada: para entrar no mundo
da Bíblia precisa-se conhecer, ao menos, o contexto no qual aqueles textos foram escritos
e os valores que os autores sagrados procuraram comunicar. Aqui, o instrumento para
acompanhar as páginas de introdução desta edição pode ser de grande utilidade. Não
se pode ler a Bíblica da primeira à última página, assim, como se fosse um conto,
precisa-se seguir um percurso guiado. Um dos instrumentos que oferece esta edição
da Bíblia é bem aquele de um percurso guiado que tem presente os tempos litúrgicos.
Então, não se começa da Gênesis ao Apocalipse, mas de um Evangelho para depois percorrer
toda a história da salvação junto a Jesus, prestando atenção ao tempo litúrgico -
o Advento, a Quaresma, a Páscoa - que se vive.
RV - Trata-se de uma nova tradução?
Dom Perego - "É uma nova versão da tradução que nós elaboramos a partir
dos tempos de pós-Concílio diretamente dos testos antigos. A Família Paulina foi uma
das primeiras realidades que retraduziu a escritura não a partir da Vulgata, não a
partir do texto latino, mas a partir dos textos antigos, quer dizer, do hebraico,
grego e aramaico."
RV - E o andar novamente às origens dos textos antigos trouxe
novamente à tona significados originais que, talvez, tenham sido perdidos com as sucessivas
traduções?
Dom Perego - "Sim, às vezes variar uma tradução significa
dar uma mensagem, um significado diverso ao texto proposto."
RV - Essa leitura
quotidiana vai ao encontro do homem e da mulher contemporâneos, sempre correndo contra
o tempo?
Dom Perego - "Sim. O importante é que não seja feita uma leitura
solitária porque, quando se lê a Bíblia sozinho, o risco é cansar logo. Se, ao contrário,
a leitura é comunitária, compartilhada, da riqueza de ser Igreja emerge toda luz da
Palavra que salva."
RV - Podemos dizer que, além dos valores espirituais reconhecidos
pelos fiéis, a Bíblia também tem um valor cultural para os não-credentes?
Dom
Perego - "Sem dúvida. Há um valor cultural porque a gente se envolve em épocas
e momentos históricos muito diferentes dos nossos; não esqueçamos que a Bíblia, se
a gente pega os textos sagrados completos, abraça pelo menos um milênio de história.
E, é interessante também perceber, como ao interno da Bíblia a mesma história é frequentemente
oferecida através de prospectivas diversas." (AC)