2014-10-01 12:07:33

Pe. Gutierrez disserta nos EUA sobre a opção de Francisco pelos pobres


Cidade do Vaticano (RV) - O Professor da cátedra John Cardeal O’Hara de Teologia e “pai da Teologia da Libertação”, Padre Gustavo Gutiérrez, apresentou no último dia 25, a palestra “Papa Francisco e a opção preferencial pelos pobres”, como parte do Congresso Internacional sobre Dom Oscar Romero”, realizado pelo Instituto Kellogg, da Universidade de Notre Dame (Indiana, EUA).

A reportagem é de Gabriela Malespin, publicada por The Observer, em 26-09-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Pe. Gustavo Gutiérrez centrou sua palestra no chamado cristão à solidariedade e justiça social pelos pobres, ao mesmo tempo enfatizando a necessidade de se compreender a relação fundamental entre a teologia cristã e a erradicação da pobreza. Pe. Gutiérrez disse que “com os ensinamentos do Papa Francisco, estamos voltando à nossa fonte”.

“Proclamar o Evangelho é isto: Jesus está tentando fazer presente o Reino de Deus hoje, em nossa história”, declarou. “Falar sobre os pobres da Igreja significa também lembrar esta relação entre o amor de Deus e o amor pelo próximo”.

Segundo ele, “a passagem bíblica da Santa Ceia serve como uma memória de Cristo e de sua mensagem de servir e amar o próximo. Esta passagem, assim como outras, demonstraram a ligação entre a Igreja e os pobres”.

“Temos que lembrar um ponto central da mensagem cristã: somos desafiados por esta memória”, disse. “O ponto central é a relação entre o Reino de Deus e os pobres. Este ponto, penso eu, quando o realizarmos, estaremos verdadeiramente no centro da mensagem evangélica. A questão do pobre não é só uma questão social. É, sobretudo, uma questão bíblica”.

O Padre também destacou o trabalho de Dom Oscar Romero junto aos empobrecidos e marginalizados em El Salvador, e disse que o legado deste líder serviu como “testemunho do ponto central da mensagem cristã”.

Pe. Gutiérrez leu uma citação de Dom Romero, que diz: “Há um critério para saber se Deus está perto de nós ou se está longe: todo aquele que se preocupa com o faminto, com o maltrapilho, o pobre, o desaparecido, o torturado, o prisioneiro, com todos esses corpos que sofrem, está perto de Deus”.

Segundo o teólogo, a capacidade de amar e servir ao próximo é melhor exemplificada por uma compreensão da pobreza espiritual e da capacidade de se envolver em solidariedade e amizade junto aos pobres.

Falou também que a forma correta de servir aos pobres não é imitar uma vida de pobreza, mas sim condenar a pobreza como uma condição que desumaniza os outros. Disse que a Igreja não tolera a pobreza porque esta representa a marginalização e a eliminação da identidade humana.

“Jamais a pobreza é algo bom. (...) A verdadeira pobreza não é só econômica, é política, social”, acrescentou. “Os pobres são [percebidos como] pessoas insignificantes por várias razões: razões culturais, razões raciais, razões de gênero. Ser pobre é ser nada”.

(IHU Online)








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