Encontro sobre Oriente Médio no Vaticano: "Igreja na linha de frente pela paz", diz
Dom Zenari
Cidade do Vaticano
(RV) – De 2 a 4 de outubro realiza-se no Vaticano um encontro sobre a crise no
Oriente Médio. Junto ao Papa Francisco estarão reunidos os Núncios Apostólicos da
região e os Superiores da Cúria Romana. O Santo Padre fará uma saudação aos presentes
na abertura dos trabalhos. A Rádio Vaticano perguntou ao Núncio de Damasco, Arcebispo
Mario Zenari, quais as expectativas para este importante encontro:
Dom Zenari:
“É necessário sempre ter a esperança, pois a humanidade, e não somente os cristãos,
está nas mãos de Deus. Este encontro dos núncios é um momento de oração, porque o
programa prevê também a oração; o encontro será aberto pelo Santo Padre amanhã de
manhã e após haverá a partilha destes problemas, que em sua maior parte, são problemas
comuns ‘além-fronteira’, como se diz. Pensemos aos problemas da Síria, do Iraque,
do Líbano, da Jordânia: são problemas comuns. Em um momento em que a comunidade internacional
é chamada à agir para vencer este flagelo da violência, do terrorismo e para encontrar
uma solução aos conflitos, a Igreja está na linha de frente com seus próprios meios.
A este propósito, gostaria de precisar o plano da Igreja, um plano complementar àquele
da comunidade internacional e onde cada um deve fazer a sua parte. A Igreja, que não
tem armas bélicas, tem uma arma espiritual que é muito, muito eficaz; como Igreja
somos chamados a utilizar estes meios eficazes como a oração, buscar o encontro com
as pessoas, procurar fazer refletir. Eu diria que este plano espiritual é muito eficiente
e é isto de se que tem necessidade neste momento, sobretudo a região do Oriente Médio”.
RV:
As comunidades cristãs destas regiões acompanharão estes trabalhos...
Dom
Zenari: “Creio que saber que o Santo Padre, que os Prefeitos dos vários dicastérios
romanos relacionados com este tema, que os Núncios Apostólicos, seus representantes
nesta zona martirizada, se encontram para rezar juntos, para refletir, para buscar
– se possível – alguma solução, acredito que isto seja um encorajamento para as nossas
comunidades cristãs, mas eu diria também, se olho para a Síria, mas acredito que por
tudo, seja um encorajamento também para todas as pessoas daquela região que aspiram,
anseiam e esperam com impaciência a solução destes sanguinários conflitos”.
RV:
Quais são as suas esperanças para um retorno à convivência pacífica entre as religiões
nestas regiões assim martirizadas?
Dom Zenari: “Se olho para a Síria
e para a experiência que tenho há seis anos neste país, eu diria que as premissas
são boas, antes de tudo a nível das pessoas. Existe, até agora, uma convivência boa
– e esperemos que não seja arruinada pelo conflito – e às vezes exemplar entre as
várias pertenças religiosas, em particular entre cristãos e muçulmanos; existe respeito
recíproco, estima recíproca, assim como respeito e estima recíproca entre os líderes
religiosos. Eu diria que esta já é uma boa base sobre a qual construir, e assim, destacar
estes aspectos positivos, para dar uma contribuição vital por parte das religiões
– especialmente as religiões monoteístas que nasceram naquela região – que têm um
papel fundamental a ser desenvolvido neste momento. Assim, eu diria que também neste
encontro, se pensará provavelmente em reforçar este diálogo, sobretudo entre estas
três religiões monoteístas presentes na região e que devem desempenhar um papel fundamental
para resolver estes conflitos”. (JE)