2014-09-29 14:33:21

Novo Catecismo: O desejo de Deus no coração do homem


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço dedicado aos 20 anos da publicação do Novo Catecismo, vamos tratar na edição de hoje sobre desejo de Deus inscrito no coração do homem.

O Catecismo nos diz, no número 27, que "o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar". A vocação do homem à comunhão com Deus é justamente a reflexão que o Pe. Gerson Schmidt nos traz no programa de hoje:

“Amado ouvinte!

Estamos refletindo, no primeira parte do Catecismo da Igreja Católica, nas páginas iniciais, sobre o tema da Fé. O que é, afinal, a Fé? A Dei Verbum 8 afirma que "pela fé o homem livremente se entrega todo a Deus, prestando 'ao Deus revelador o obséquio pleno do seu intelecto e da sua vontade', e dando voluntário assentimento à revelação feita por Ele”. Pela fé, portanto, conforme os padres conciliares, há uma entrega do homem a Deus que se revela, pela inteligência, vontade, num consentir pleno à revelação.

O Catecismo aponta, no número 26, que a fé é uma resposta do homem a Deus que se revela ao ser humano e ao mesmo tempo lhe confere uma luz extraordinária e superabundante respondendo a cada um de nós sobre o sentido último de nossa vida. Afinal, por que existo? Por que estou no mundo? Qual o sentido da minha vida? Por que eu e você estamos aqui nessa terra? Para comer, beber e dormir e passar o tempo?
No ponto seguinte, no número 27 do Catecismo, já existe uma resposta a essas afirmativas, digo, perguntas, que fazemos da razão de nosso existir. Diz ali que o homem é criado por Deus e para Deus e Deus não cessa de atrair o homem a si. Então existe em nós, intrinsecamente, por essência ontológica e criatural, porque assim Deus nos fez, um desejo de infinitude depositado pelo Criador e Pai de cada um de nós. O homem tem o desejo de Deus e, afirma Santo Agostinho, que nosso coração andará irriquieto, insatisfeito enquanto não repousar em Deus. Ou como o mesmo santo continua a declarar, como desabafo, no Livro das confissões: “Agora eu te reconheço e confesso, a ti que tiveste compaixão de mim, quando eu não te conhecia. Tu estavas mais dentro de mim do que a minha parte mais íntima”.

Há um convite do Criador a cada um de nós, como afirma o constituição conciliar Gaudium et Spes número 19:

“Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador”.

Portanto, amado ouvinte, diferentemente do que os filósofos pré-socráticos afirmavam que Deus fosse inacessível, o catecismo deixa claro que o homem é um ser religioso e que é capaz de Deus. Como afirma os Atos dos apóstolos que Deus não está longe de cada um de nós: “Pois nele vivemos, nos movemos e somos” 9. Esse desejo de Deus é tão expressivo no salmo 63 (algumas bíblias 62 – mas eu aqui vou sempre ter a referência da Bíblia de Jerusalém – que é salmo 63) quando o salmista reza com toda a sua alma e que rezamos na Liturgia das Horas de Domingo da Primeira semana:

“Ó Deus, vós sois o meu Deus, com ardor vos procuro.
Minha alma está sedenta de vós, e minha carne por vós anseia
como a terra árida, sedenta e sequiosa, sem água.
Minha alma se agarra em vós, com poder vossa mão me sustenta”. 10

Ou ainda como no salmo 42 em que se faz a belíssima comparação do ser homem como Corça que é um animal dotado de olfato privilegiado que lhe possibilita sentir cheiro de água a quilômetros. Olha só que poético, que oração fantástica do salmista:

“Como uma corça suspira pelas correntes das águas,
Assim a minha alma suspira por ti, ó Deus.
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo;
Quando terei a alegria de ver a face de Deus?
As minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite,
enquanto insistente repetem os inimigos: Onde está o teu Deus”.

A paz e a benção, amado irmão”.
8 DV, n° 5
9 Cf. At 17,23-28
10 Sl 63, 2s.


(JE)








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