Cidade do Vaticano
(RV) – Como todas as manhãs, o Papa Francisco celebrou quinta-feira, 25, a missa
na Casa Santa Marta. Inspirando-se nas palavras de Coélet, no livro do Eclesiastes,
que fala das vaidades, o Papa disse que os cristãos devem fugir da tentação de “querer
aparecer, de se mostrar”.
A vaidade não é uma tentação só para os pagãos,
mas também para os cristãos, para as pessoas de fé. “Jesus repreendia muito as pessoas
que se vangloriavam”, ele dizia aos doutores da lei que “não deviam passear nas ruas
com roupas luxuosas, como príncipes. E advertia: “Quando rezar, não o faça para que
os outros o vejam; reze escondido, no seu quarto. E quando ajudar os pobres, não toque
um trombone, mostrando a todos. O Pai está vendo, e isso é suficiente”:
“Mas
o vaidoso faz assim: ‘Olha, eu dôo este cheque para as obras da Igreja’ e por detrás,
defraudam a Igreja. Os vaidosos vivem disso: para aparecer. ‘Quando jejuar – diz o
Senhor – por favor, não banque o melancólico, triste, para que os outros percebam
que está jejuando. Jejue com alegria, faça penitência com alegria, e que ninguém se
dê conta disso”.
“Os cristãos que vivem para aparecer – prosseguiu Francisco
– são como pavões. Alguns dizem: ‘Sou cristão, sou parente do padre tal, do bispo
tal, ficam ostentando...’. Mas e a sua vida como cristão? Rezam? E as obras de misericórdia,
as fazem? Visitam os doentes? Por isso, Jesus nos diz que devemos construir a nossa
vida cristã sobre a rocha, sobre a verdade. Mas ao invés – advertiu – os vaidosos
constroem suas casas sobre a areia, e elas caem, como sua vida cristã escorrega, porque
não são capazes de resistir às tentações”:
“Quantos cristãos vivem para
aparecer. A vida deles parece uma bolha de sabão. É bonita a bolha de sabão! Tem todas
as cores! Mas dura um segundo e depois? Também quando olhamos para alguns monumentos
fúnebres, pensamos que é vaidade, porque a verdade é voltar para a terra nua, como
dizia o Servo de Deus Paulo VI. Espera-nos a terra nua, essa é a nossa verdade final.
Nesse meio tempo, eu me vanglorio ou faço alguma coisa? Eu faço o bem? Busco a Deus?
Rezo? As coisas consistentes. A vaidade é mentirosa, é fantasiosa, engana a si mesmo,
engana o vaidoso, porque ele finge ser, mas, no fim, ele acredita ser aquilo, acredita.
Coitado”.
É isso, frisou o Papa, é isso o que acontecia ao Tetrarca Herodes
que, como se lê no Evangelho de hoje, se interrogava com insistência sobre a identidade
de Jesus. “A vaidade - disse Francisco - semeia inquietação ruim, tira a paz. É como
aquelas pessoas que usam maquiagem demais e, depois tem medo da chuva e que a maquiagem
vá embora”. “A vaidade não nos dá paz – acrescentou -, somente a verdade nos dá a
paz”. Francisco reiterou que a única rocha sobre a qual podemos construir a nossa
vida é Jesus. “Pensemos - disse – também na proposta do diabo, do demônio, que também
tentou Jesus com a vaidade no deserto”, dizendo-lhe: “venha comigo, vamos ao templo,
vamos dar um show; você se joga para baixo e todo mundo vai acreditar em você”. O
demônio tinha apresentado a Jesus “a vaidade em uma bandeja”. A vaidade, reafirmou
o Papa, “é uma doença espiritual muito grave”:
“Os Padres egípcios do deserto
diziam que a vaidade é uma tentação contra a qual devemos lutar toda a sua vida, porque
sempre retorna para nos tirar a verdade. E para fazer entender isso diziam: é como
a cebola, você a pega e começa a descascar - a cebola - e descasque a vaidade hoje,
um pouco de vaidade amanhã e toda a vida vai descascando a vaidade para vencê-la.
E no final você fica feliz: eu removi a vaidade, eu descasquei a cebola, mas o cheiro
permanece em sua mão. Peçamos ao Senhor a graça de não sermos vaidosos, de sermos
verdadeiros, com a verdade da realidade e do Evangelho”. (CM-SP)