Deve-se proteger a criação: Cardeal Parolin na Cimeira das Nações Unidas sobre o clima
O clima da
Terra não melhora, apesar dos numerosos acordos adoptados a nível internacional. Para
salvaguardar o planeta das mudanças climáticas é necessário um empenho comum a longo
prazo. Disto se falou nesta terça-feira na ONU, à margem da 69ª Assembleia Geral das
Nações Unidas. Em destaque os discursos do Presidente americano Obama e do Secretário
de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin. No Palácio de Vidro circulavam ontem
os dados compilados pela Global Carbon Project, segundo os quais as emissões de dióxido
de carbono não dão sinais de diminuir. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal
Pietro Parolin, destacou no seu discurso o imperativo moral de se agir para que todos
tenhamos a responsabilidade de proteger a criação para o bem desta e das futuras gerações.
Citando o Papa Francisco, o cardeal sublinhou a importância de "proteger o nosso ambiente
que muitas vezes exploramos com ganância". Para isso, o secretário citou a necessidade
de iniciar uma autêntica transformação cultural, por meio de esforços de formação
e educação. O presidente americano recordou aos líderes reunidos em Nova York que
"somos a primeira geração a sentir o impacto do aquecimento global, mas também a última
que pode fazer algo para pará-lo". "A ameaça do clima que antes era distante agora
é presente, e nenhum país está imune dela", comentou Obama, pedindo à comunidade internacional
para chegar a um acordo "ambicioso, abrangente e flexível” sobre o clima. A cimeira
sobre o clima foi convocada para tentar alcançar, até 2015, um acordo sobre as mudanças
climáticas. Na ocasião, foi apresentada ao Secretário-geral das Nações Unidas Ban
Ki-moon uma declaração do Vértice inter-religioso sobre as mudanças climáticas, que
teve lugar nos últimos dias, também em Nova York, na qual se sublinha que "a mudança
climática é realmente uma ameaça para a vida, um dom precioso que recebemos e que
devemos defender" e se pede um empenho concreto de todos os países da ONU em matéria
de clima.
Stefan von Kempis entrevistou o Padre Michael Czerny, representante
do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e um dos signatários do texto: As tradições
de fédas diversas religiõesdo
mundo,como parteda realidade
humana, devem confrontar-se como
desafio doclima, do ambiente,
do tempo e de todos os novosperigos.E, emboraas várias tradiçõesnão estejamtotalmente de acordo
sobre a origem ouo destinodo ser humanoe do universo,como parteda família humanadevemos unir-nose pedir aos líderes políticos
paratomarem boas decisões. Qual é a novidade
do empenho inter-religioso para a protecção do ambiente? Tivemos
já uma série de encontrossobre o clima.
O primeiro foi emCopenhaga, em2009,depois emCancun,
no México, em 2010,em seguida,emDurban, na África
do Sul,em 2011. Estes encontros nãonos
levaram a decisões definitivas.Agora, existe
uma novaunidade entre asreligiões
do mundoque reconhecema
urgência deformaruma frente
comum perante os desafios. Assim,em NovaYork,asvárias tradições religiosasproduziramuma declaração conjuntapara pressionaros líderes políticosdo mundo atomar decisõese iniciar umprocesso melhor de responsabilidade sobre o climae
o meio ambiente. Falando da mudança climática, qual é a posição da Igreja
e da Santa Sé? A Santa Sée a Igreja Católicaparticipam neste encontrointer-religioso, porque todos estamos conscientesdaurgência da situaçãoe
da necessidade deresponder juntos como comunidade humana.
Esta responsabilidadefaz parteda tradição da Igreja e a Doutrinasocial nos ensinaque somos responsáveis,
que devemos cuidardas coisas queo Criadornos confiou,que
os bens dacriação são destinadospara
o uso detodos. Devemos estar conscientes
das gerações futuras, e não apenasda nossa situação: devemosgarantir o futurodas próximas geraçõeseo ambiente em queelesviverão, mesmo que sejamdecisões
a serem tomadasagora. (BS)