Migrantes têm lugar privilegiado no coração da Igreja: apresentada mensagem do Papa
para Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Cidade do Vaticano (RV) - Foi apresentada na manhã desta terça-feira na Sala
de Imprensa da Santa Se, pelo presidente e pelo secretário do Pontifício Conselho
da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, respectivamente, Cardeal Antonio Maria
Vegliò, e Dom Joseph Kalathiparambil, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial
do Migrante e do Refugiado. A mensagem traz como tema "Igreja sem fronteiras, mãe
de todos". Os desafios apresentados pelas migrações devem ser respondidos com a cultura
do acolhimento e da solidariedade, como recorda o Papa Francisco na mensagem. Mas,
não raramente, observou o Cardeal Vegliò, vemos outras atitudes:
"Há uma
tendência a ver o imigrado com suspeita e um pouco de medo. Daí, muitas vezes, nasce
a equação migrante igual criminoso. Trata-se de algo absolutamente falso. Não podemos
aceitar uma coisa dessa. O Papa diz claramente que os migrantes têm um lugar privilegiado
no coração da Igreja, porque são os que mais precisam, porque são os mais vulneráveis."
Portanto,
é preciso rechaçar a equação entre imigrados e criminosos. Mas se algum imigrante
é delinqüente, acrescentou o purpurado, deve ser expulso.
Em todo caso, a expulsão
jamais pode dizer respeito aos refugiados, explicou o presidente do Pontifício Conselho
da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
Em seguida, o Arcebispo Kalathiparambil
deteve-se sobre a situação dos refugiados:
"O desafio hoje é não nos acostumarmos
aos dramas humanos vividos pelas pessoas forçadamente deslocadas e não deixar prevalecer
a indiferença, 'a fraqueza da nossa natureza humana' devido a qual muitas vezes 'sentimos
a tentação de ser cristãos mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor'.
Cada passo que damos um ao encontro do outro nos ensina a descobrir o sentido da palavra
solidariedade, a comprometer-nos em favor do bem comum e a tornar-nos sinal e instrumento
da unidade de todo o gênero humano."
Nesta fase final de 2014, pela primeira
vez desde a II Guerra Mundial, o número de refugiados, de deslocados e de pessoas
que pediram asilo superou o patamar de 50 milhões de pessoas. Mais de 50% dos refugiados
são crianças, recordou Dom Kalathiparambil.
Por fim, respondendo aos jornalistas
sobre o Sínodo sobre a família, o Cardeal Vegliò afirmou, por sua vez, que é preciso
evitar reduzir todo o debate unicamente ao tema do acesso ou não dos divorciados recasados
à Comunhão eucaristia.
Além disso, referindo-se à operação militar e humanitária
"Mare Nostrum" conduzida pela Itália para socorrer os migrantes no Mar Mediterrâneo,
e ao início do programa europeu "Frontex Plus", mais voltado para a vigilância das
fronteiras, o purpurado acrescentou:
"Creio que, certamente, haverá menos
assistência. Realmente, a Itália demonstrou muita sensibilidade, muita generosidade
com o programa 'Mare Nostrum'. O programa consistia em socorrer, em amplo raio de
ação, esses pobres migrantes: efetuou operações humanitárias inclusive a poucos quilômetros
de países do norte da África. Não creio que o programa europeu 'Frontex Plus' faça
o mesmo." (RL)