Santo Padre celebrará Vésperas na Igreja de Jesus

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco irá à Igreja de Jesus (‘Chiesa del Gesù’), centro de Roma, no próximo sábado, às 17 horas, para celebrar a Oração das Vésperas, por ocasião do bicentenário da restauração da Companhia de Jesus. A Rádio Vaticano vai transmitir a cerimônia, com comentários em português, a partir das 11h50min, horário de Brasília.

A Ordem – fundada em 1.540 por Santo Inácio de Loyola – foi supressa em 23 de julho de 1773 pelo Papa Clemente XIV e reconstituída pelo Papa Pio VII em 7 de agosto de 1814, com a Bula ‘Sollicitudo omnium ecclesiarum’. A supressão foi precedida por 15 anos de assédios e perseguições, iniciadas com a expulsão de Portugal, da França e da Espanha e de suas possessões no além-mar. Somente a Czarina ortodoxa Catarina II, A grande e o Rei protestante Frederico II, da Prússia, recusaram-se a aplicar nos próprios territórios a ordem papal para expulsar a Companhia.

Nos 41 anos da supressão, a Companhia de Jesus sobreviveu em pequenos grupos na Rússia e na Prússia. “A dor que sofremos é justa, mas os excessos da nossa dor não são justificáveis”, escreve Francisco Javier Clavijero, um dos jesuítas mais em voga na época. “Quais excessos? Uma tristeza fatal que nos torna intolerável viver e nos impede de exercer as funções da racionalidade e do espírito, uma amargura habitual do coração que nos faça morder os instrumentos da Providência, um temor angustiado de futuro que impele a nossa alma a uma contínua inquietação, representando a nós uma série de males a que estamos expostos”.

O período da supressão foi objeto de muitos estudos por ocasião do aniversário. “A palavra ‘reconstituição’ – assim como a palavra ‘restauração’ – possui, entre outros, dois significados: reconstrução e reparação”, escreve a revista dos jesuítas ‘Civiltà Cattolica’, em seu último número. “Reconstrução significa refazer uma ‘entidade’ deteriorada para evitar a sua ruína ou a sua decaída. A reconstituição da Companhia em 1814 não corresponde exatamente a nenhum destes dois significados. Não é uma reconstrução, pois a Companhia nunca deixou de existir; e não se trata nem mesmo de uma reparação, pois a Companhia não foi supressa por decomposição interna, mas sim por ataques provenientes do exterior, e neste sentido a sua reconstituição não foi nem uma restauração, nem uma reforma. A reconstituição da Companhia de Jesus é entendida, então, como uma renovação ou uma reanimação: se assemelha a uma chama flamejante que arde sobre as cinzas, ao broto que reaparece sobre a árvore derrubada. Alguma coisa semelhante ao que restou de Israel após o cativeiro”.

Precedentemente, o Papa Francisco esteve no complexo da Igreja de Jesus por ocasião da Festa de Santo Inácio, em 31 de julho de 2013, quando celebrou uma Missa; em 9 de setembro do mesmo ano, em visita ao Centro Astalli que acolhe imigrantes, adjacente à Igreja e em 3 de janeiro passado quando celebrou uma Missa de Ação de Graças pela canonização do santo jesuíta Pedro Fabro. (JE)