2014-09-22 20:33:29

Bispos na Terra Santa: "reconhecimento da nacionalidade aramaica divide cristãos de outros palestinos"


Jerusalém (RV) – A decisão do Ministério do Interior israelense em permitir o acréscimo da qualificação “aramaico” àquela de “cristão” – para substituir o termo “árabe” nas Carteiras de Identidade dos cristãos palestinos cidadãos de Israel – foi classificada pelos Bispos católicos da Terra Santa como uma “tentativa de separar os cristãos palestinos dos outros palestinos”. Em um documento divulgado pela Comissão Justiça e Paz do Conselho do Episcopado, os bispos denunciam como espúrias e ideológicas as motivações das medidas tomadas pelo Governo de Israel.

Segundo revelado pela imprensa israelense, em 16 de setembro passado, o Ministro do Interior israelense assinou uma medida para reconhecer a identidade “aramaica” como identidade nacional distinta, a ser acrescentada no registro das nacionalidades presentes no país. A decisão foi tomada para permitir que 200 famílias cristãs possam identificar-se como pertencentes à antiga nacionalidade e assim registrar-se como “aramaicos” antes que como “árabes” na identidade.

No documento redigido no mesmo dia 16 de setembro pela Comissão Justiça e Paz dos Bispos Católicos da Terra Santa e dirigido ao Governo israelense, é denunciada como “operação artificial e politicamente orientada, esta de levar a recuperar no passado remoto dos povos do Oriente Médio uma identidade nacional separada, a ser atribuída aos cristãos presentes em Israel”: “A língua aramaica – lê-se no documento – foi a língua dos judeus por séculos. Isto até a reintrodução do hebraico, no final do século 19. Os árabes, nos países do Levante, falaram através da história e dos séculos o aramaico, o grego, o árabe, até a difusão definitiva do árabe. Hoje em Israel somos palestinos árabes. Se esta tentativa de separar os cristãos palestinos dos outros palestinos tem como objetivo defender os cristãos ou protegê-los – como afirmam algumas autoridades israelenses – nós declaramos: nos restituam em primeiro lugar as nossas casas, as nossas terras e os nossos povoados que vocês confiscaram. Segunda coisa: a melhor proteção para nós será deixarmo-nos com o nosso povo. Terceira: a melhor proteção para nós é que vocês entrem seriamente no caminho da paz”.

O pronunciamento episcopal contem também um apelo a “alguns cristãos palestinos em Israel que apóiam esta idéia” e estão prontos a reivindicar a própria nacionalidade “aramaica” para despedirem-se da própria ‘arabicidade’ e poder assim ver garantido o próprio acesso ao serviço militar no exército israelense: “não é possível – lê-se no documento – que fazeis mal ao vosso povo para satisfazer os vossos interesses pessoais do momento. Com esta inclinação, não fazeis bem nem a vocês próprios, nem a Israel. Israel tem necessidade de cristãos a quem Cristo disse: ‘Bem-aventurados os operadores de paz’ e não bem-aventurados que desfiguram a própria identidade”. (JE)









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