Cidade do Vaticano (RV) – No Angelus do último
domingo, 14 de setembro, o Papa Francisco, recordando a sua visita a Redipuglia –
o sacrário militar italiano no nordeste do país que recorda as vítimas da I Guerra
Mundial -, voltou a tocar a consciência dos homens para o drama que se realiza na
indiferença da chamada civilização moderna; uma civilização sem memória, sem história,
e consequentemente, com a projeção de um futuro sombrio. O Papa voltou a falar da
“loucura” da guerra, da qual a humanidade ainda “não aprendeu a lição”.
Certamente
vivendo em países, onde a guerra é vista somente em reportagens de telejornais, portanto
distante da realidade, e onde tudo pode parecer não cruento e circunscrito, tudo termina
no momento em que se desliga a televisão, o holofote para o drama do mundo. Mas também
naqueles países que viveram a experiência terrível da “aventura sem retorno”, a lição
foi esquecida, pertence a um passado que é melhor não recordar. Sim porque, se a memória
fosse viva, a guerra seria um pesadelo constante que a todo custo seria evitada. Mas,
infelizmente, não é assim.
Há a consciência de que a guerra é sinônimo de
morte, destruição, dor, mas é uma consciência que termina no fato que tudo acontece
distante de casa, em lugares onde a ignorância, a pobreza, a busca de poder é de casa;...
aqui onde vivo isso jamais irá acontecer.
Mas quando iremos aprender a lição
de que tudo pode se repetir e de que a história continua a dar exemplos aos homens,
mas sem grandes resultados? O Papa Francisco na suas palavras que tocam de modo sensível
o coração, convidou a “olhar para Jesus Crucificado a fim de compreender que o ódio
e o mal são derrotados com o perdão e com o bem”, e para entender de uma vez para
sempre “que a guerra como resposta só faz aumentar o mal e a morte”.
Mas o
que leva um irmão a se levantar contra o outro? A resposta é simples, mas também articulada.
Basta olhar ao nosso redor e ver o que impera na nossa sociedade: a ganância, a intolerância,
a busca de poder... esses são motivos que impulsionam a cegueira do homem a tomar
decisões bélicas, muitas vezes – disse em várias ocasiões Francisco – “justificadas
por um ideologia”. “A ideologia é uma justificação, e quando não há uma ideologia
há a resposta de Caim: o que me importa do meu irmão?... o que me importa dele...
sou talvez o custódio do meu irmão?” Ai vem certeza de que a guerra não faz diferença,
atinge todos indistintamente, jovens e crianças, mães, pais, avós... E a pergunta
se refaz; o que me importa isso?
Hoje o mundo continua a produzir mortes, vítimas,
e vítimas inocentes... e a pergunta é legítima. Como isso pode acontecer nos dias
de hoje, numa humanidade tão avançada, que se diz civilizada, cheia de história e
experiências trágicas? A resposta vem com a lágrima que cai no coração: porque o homem
está se tornando cada vez mais egoísta, e os desejos e ambições são maiores do que
a própria dignidade humana. Avidez, dinheiro, poder, dominam! Francisco afirmou que
os mercadores de guerra ganham tanto que o seu coração corrompido perdeu a capacidade
de chorar. E a humanidade tem necessidade de chorar, e esse “é o momento de chorar”.
O
alerta do Papa Francisco deve tocar os corações e encorajar os esforços de toda a
humanidade para que o diálogo tome o lugar da violência e que as partes em conflito,
sejam no Oriente Médio, na África, na Ásia, ponham de lado os seus interesses e se
comprometam, a fim de que cada pessoa, seja qual for a etnia, religião, país a que
pertence, seja respeitada na sua dignidade.
“A guerra é loucura” e Francisco
pede à humanidade a conversão do coração, porque hoje se está combatendo uma Terceira
Guerra, “com crimes, massacres, destruições”. A Guerra é uma loucura, e enquanto Deus
leva “adiante a sua criação, e nós homens somos chamados a colaborar na sua obra,
a guerra destrói. Destrói também o que Deus criou de mais bonito, ou seja, o ser humano.
(Silvonei José)