Reitor da Lateranense: "Se entrará na Sala Sinodal não com os livros, mas com os joelhos
dobrados para suplicar a luz daquele que prometeu estar sempre conosco"
Cidade do Vaticano (RV) – “A troca de idéias e de opiniões é uma riqueza para
todos”. Foi o que afirmou o Reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, Dom Enrico
dal Covolo, ao comentar a iniciativa dos 5 cardeais de publicaram um livro tomando
posição no debate do Sínodo sobre divorciados em segunda-união, negando que seja possível
modificar a práxis da Igreja em relação a este aspecto delicado.
“Sem esquecer
que o centro do debate não é a comunhão aos divorciados e casados novamente, mas a
família que tem necessidade de ser tutelada”, dal Covolo cita o Papa Francisco: “A
família é o local em que Jesus nasce. Por isto o diabo quer destruí-la”. “A Igreja
– explica o prelado salesiano à Agência AGI – não é uma comunhão de fotocópias. É
bom e saudável que sobre questões complexas e desafiadoras - como o matrimônio e a
família de hoje -, o confronto seja vivo e não necessariamente mórbido”.
O
Reitor da Lateranense observa que “não foi diferente a situação no primeiro Concílio
em Jerusalém, e nem também foi diferente no último, o Vaticano II. Os Cardeais agem
sob a responsabilidade daquilo que o próprio Papa pede a eles: a colegialidade”. “Me
fazem rir – confidenciou – aqueles que fazem uma leitura negativa deste debate assim
aberto e vivaz. Não por acaso, João XXIII, no início do Concílio, teve que convidar
a Igreja a ter esperança e confiança em Deus, abstendo-se dos ‘profetas aventureiros’”.
Ao
ser interpelado sobre que ajuda poderia ser oferecida aos casais de segunda-união,
o prelado afirmou não acreditar “que existam respostas fáceis e prontas para tudo
e nem que a Igreja trate com leviandade esta questão. Nós todos sentimos uma dramática
tensão entre o desejo de custodiar intacto aquilo que recebemos do Senhor e as inquietações
e as expectativas do homem contemporâneo. Eis porque pessoalmente – revela –, acredito
que no final se entrará na Sala Sinodal não com os livros, mas com os joelhos dobrados
para suplicar a luz daquele que prometeu estar sempre conosco”.
Segundo o Reitor
da Lateranense, em todo caso, “não é correto contrapor a extraordinária potencialidade
do Sacramento da Confissão e a imutabilidade da Doutrina sobre o Sacramento do Matrimônio.
O perdão de Deus é fogo que nos transforma interiormente, nós vamos à confissão em
virtude das palavras do Senhor: ‘Sem mim nada podeis fazer’”. “Na confissão freqüente
– acrescenta o prelado – os esposos são ajudados a cultivar uma espiritualidade da
resistência, em uma cultura que torna o caminho cristão do amor cheio de obstáculos.
O Papa Francisco acertou o alvo quando disse: ‘A família é o lugar onde Jesus nasce.
Por isto o diabo quer destruí-la’”.
“Certamente não sou capaz de antecipar
as conclusões do Sínodo, - acrescentou - mas nutro uma grande esperança nele. Gostaria
de dizer, porém, que é fora da realidade pensar que o Sínodo sobre a Família se resuma
no dilema ‘comunhão sim, comunhão não’”.
“Quanto ao caminho pastoral para
as anulações – recordou ainda –Bento XVI abriu uma espiral neste sentido e estou certo
que no Sínodo se falará sobre isto’”. “Pessoalmente, o vejo mais como um percurso
integrativo que alternativo”, ressalta Dom dal Covolo. “O Papa Emérito indicou frequentemente
aquela que para muitos é a questão crucial: a relação entre matrimônio e fé. Neste
momento me vem em mente uma declaração sua, quando era Cardeal: ‘se deveria esclarecer
se verdadeiramente todo matrimônio entre dois batizados é ipso facto um matrimônio
sacramental. A essência do Sacramento pertence à fé’”.
“O que eu gostaria
que saísse do Sínodo – afirmou ainda – é um forte impulso para os missionários do
ideal cristão do amor. Uma Igreja missionária que anuncie a todos, sobretudo aos jovens,
a beleza do amor duradouro”. Neste sentido, por fim, dal Covolo cita as palavras de
Madre Teresa de Calcutá: “Muitas pessoas morrem, não por falta de comida, mas de amor”.
“Aos diretores, aos romancistas, aos cantores, aos poetas – conclui o Reitor da Lateranense
– gostaria de dizer: vos peço, dêem novamente aos homens a fé no amor”. (AGI – JE)