Comunicado dos líderes das Igrejas do Oriente Médio sobre os direitos humanos dos
cristãos no Iraque e Síria
Genebra (RV) – As violências perpetradas pelos fundamentalistas do Estado Islâmico
representam “um crime contra a humanidade” porque são uma ameaça não somente para
os cristãos, mas também para as outras religiões e para toda a comunidade internacional.
Foi o que afirmaram os Patriarcas e Bispos das Igrejas Orientais, católicos e ortodoxos,
nesta terça-feira, 16, da tribuna da sede da ONU em Genebra. Os líderes religiosos
denunciaram com veemência “o genocídio”, “a morte de inocentes” e “outros graves abusos”
em andamento no Oriente Médio, em particular no Iraque e na Síria, informa o L’Osservatore
Romano.
Em um apelo – cujos primeiros signatários são o Patriarca dos Caldeus,
Louis Raphaël I Sako, o Patriarca de Antioquia dos Sírios, Ignace Youssif III Younan
e o Arcebispo sírio-ortodoxo de Mosul, Nicodemo Daoud Sharaf – os prelados pedem a
intervenção da comunidade internacional para que seja garantida “segurança, assistência
humanitária, financeira e social” e sobretudo “assistência médica e educação para
as crianças”.
Os líderes cristãos inciam o apelo recordando antes de tudo a
presença milenar de suas comunidades na região e voltam a denunciar a agressão motivada
por “nossas crenças religiosas”. Um fato tanto mais grave, pois perpetrado pelos jihadistas
“em nome de Deus”. Trata-se – salienta a nota – de uma “clara violação do fundamental
direito humano à liberdade religiosa”. A ideologia com a qual os milicianos do Estado
Islâmico do Estado Islâmico justificam a sua agressão é “fundamentalmente contrária
aos direitos humanos pois leva ao genocídio, ao homicídio de inocentes e a outros
graves abusos”. Neste sentido, “o Estado Islâmico é uma verdadeira ameaça não somente
para cristãos e outros grupos étnicos e religiosos, mas para toda a sociedade no Oriente
Médio e para a comunidade internacional”. Assim, “se não fortemente condenada e efetivamente
destruída, esta ideologia acaba por prejudicar todo o sistema dos direitos humanos,
criando um perigoso precedente de indiferença em relação à tutela das pessoas vulneráveis”.
Também por isto “os massacres e as atrocidades cometidas no Iraque e na Síria, que
atualmente permanecem impunes, constituem crimes contra a humanidade”.
Por
conseqüência, “com base nas leis humanitárias internacionais, a comunidade internacional
tem o dever de intervir e a responsabilidade de proteger a comunidade e os indivíduos
atingidos, segundo as definições desenvolvidas nos últimos anos pela Assembléia Geral
das Nações Unidas”. É recordada ainda, “que a responsabilidade de proteger se aplica
quando o Estado – como na situação iraquiana – não é capaz de proteger os próprios
cidadãos”.
Por isto, “os cristãos no Iraque não deveriam ser privados dos seus
direitos como comunidade religiosa, como definido pela Declaração Universal dos Direitos
do Homem. Os cristãos devem ser reconhecidos e tratados como cidadãos iguais aos outros.
Eles têm o direito de permanecer na sua pátria e serem protegidos pelo Estado segundo
um sistema jurídico compatível com os direitos humanos”. (OR - JE)