Não cristãos "diluídos", sal que perdeu sabor: Papa no Angelus, indicando caminho
para o evitar: Evangelho, Eucaristia, oração
O cristão
está chamado a viver bem inserido no mundo, mas sem ser “mundano”. O risco é que o
sal perca o seu sabor, que percamos a carga de novidade que nos vem do Senhor e do
Espírito Santo. - Recordou-o Papa Francisco neste domingo ao meio-dia, na Praça de
São Pedro, comentando o Evangelho da liturgia dominical, em que Jesus repreende severamente
o Apóstolo por ele “pensar segundo os homens, não segundo Deus” e, portanto, sem dar
por ela, estar da parte de satanás, o Tentador.
Também São Paulo, na segunda
leitura, exorta os cristãos de Roma a “não se conformarem com este mundo, mas a deixarem-se
transformar, renovando o seu modo de pensar, para poderem discernir a vontade de Deus”.
De
facto, nós cristãos vivemos no mundo, plenamente inseridos na realidade social e cultural
do nosso tempo, e é justo que assim seja; mas isto comporta o risco de nos tornarmos
mundanos, o risco de que “o sal perca o seu sabor”… que o cristão se dilua,
perca a carga de novidade que lhe vem do Senhor e do Espírito Santo.
Ora deveria
ser o contrário – prosseguiu o Papa, observando que “quando nos cristãos permanece
viva a força do Evangelho, essa pode transformar (como dizia Paulo VI) “os critérios
de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento,
as fontes inspiradoras, os modelos de vida” (Evangelii nuntiandi).
Portanto
é necessário renovarmo-nos continuamente, alimentando-nos da linfa do Evangelho.
Mas
como conseguir isso, na prática? – interrogou-se o Papa, sugerindo, antes de mais,
a leitura e a meditação quotidiana do Evangelho, de tal modo que a palavra de Jesus
esteja sempre presente na nossa vida…
E também a participação na Missa dominical,
para uma pessoa se encontrar com o Senhor na comunidade, escutando a sua Palavra e
recebendo a Eucaristia que nos une a Ele e entre nós. Muito importantes também – lembrou
Francisco – dias de retiro e os exercícios espirituais…
Evangelho, Eucaristia,
oração: é graças a estes dons do Senhor que nos podemos conformar, não ao mundo, mas
a Cristo, seguindo-o no seu caminho, a via do perder a própria vida para a
encontrar. Perdê-la no sentido de doá-la, oferecê-la por amor e no amor…
Doar
assim a vida – concluiu o Papa – comporta o sacrifício, a cruz, para a receber novamente
- purificada, libertada do egoísmo e da hipoteca da morte, plena de eternidade.
Nas
saudações conclusivas, já depois da recitação do Angelus, o Papa recordou que nesta
segunda-feira se celebra, em Itália, a Jornada para a protecção da natureza criada,
tendo desta vez como tema “Educar para a defesa da criação, para a saúde das nossas
aldeias e das nossas cidades”…
Faço votos de que reforce o empenho de todos
– instituições, associações e cidadãos – para que se salvaguarda a vida e a saúde
das pessoas, respeitando também o ambiente e a natureza.
O Santo Padre saudou
os parlamentares católicos, reunidos – disse - no seu quinto Encontro Internacional,
encorajando-os a viver o delicado papel de representantes do povo, em conformidade
com os valores do Evangelho.
A concluir, o Papa pediu, como sempre, que se
reze por ele e a todos desejou bom domingo e… bom almoço…