Cidade do Vaticano
(RV) - O Papa Francisco recebeu, na manhã desta sexta-feira, na Casa Santa Marta,
onde reside no Vaticano, o Padre argentino Jorge Hernandez, do Instituto do Verbo
Encarnado, Pároco em Gaza, na Palestina. Um encontro intenso, onde foram recordados
os dramáticos momentos destas últimas semanas. Após o encontro, o sacerdote falou
aos microfones da Rádio Vaticano:
Pe Hernández: “Para nós foi uma
graça. Não é a primeira vez, pelo contrário. Durante a guerra o Papa Francisco sempre
esteve próximo de nós. Até mesmo nos enviou um e-mail que nós traduzimos imediatamente
em árabe e assim pode chegar a todas as comunidades cristãs, que o agradeceram enormemente!
Sabe, um pensamento assim, num momento deste tipo, é uma grande consolação, um alívio.
E agora o fato de que nos tenha chamado para um encontro pessoal com ele, para nos
fazer entender, sentir a sua proximidade, a sua palavra, o seu encorajamento para
sermos – e esta é em síntese a mensagem – a sermos sal da terra em Gaza”.
RV:
Alguma palavra do Papa Francisco o tocou em particular neste encontro?
Pe.
Hernández: “Justamente sobre o testemunho cristão. Ele disse: ‘o Evangelho
exige sacrifícios que Jesus Cristo pede a cada um de nós, em diversos locais. A vocês
é testemunhar Jesus Cristo ali, na terra que o viu sofrer, que o viu morrer e que
também o viu ressuscitar. Portanto, força, coragem, em frente!’. Foram estas as palavras
do Papa Francisco que nos tocaram profundamente”.
RV: Então, sobretudo
palavra de encorajamento a manter este testemunho forte nesta terra assim martirizada
pela dor….
Pe. Hernández: “Sim, sobretudo na vida vivida na dor.
O Papa Francisco tem consciência do fato de que nós somos minoria: falamos de 1.300
cristãos entre dois milhões de habitantes, dos quais apenas 136 são católicos. Assim,
a nossa paróquia compreende 136 fiéis. Evidentemente, as nossas relações com os ortodoxos
são absolutamente boas: nós não fazemos diferença, mas isto já é sabido. E seguimos
em frente assim”.
RV: Claramente, o Papa Francisco deu tudo de si
pela paz na Terra Santa, com a sua viagem, e também a imagem muito forte no Muro de
Belém e após o encontro de paz aqui, a poucos metros, nos Jardins Vaticanos. Como
é percebido, também pelos não-cristãos, este esforço de Francisco?
Pe. Hernández:
“É um compromisso de vida, um compromisso existencial e concreto, de dizer que
a paz é possível, que todos os dois povos podem viver em paz, testemunhando sobretudo
o Príncipe da Paz, que é Jesus Cristo. Os frutos da peregrinação do Papa nós vemos
já agora e os veremos mais adiante: o fato de ter conquistado os corações das pessoas,
de ter colocado uma palavra boa para todos, os dois Estados, foi para todos nós uma
graça imensa”.
RV: Agora existe uma trégua, após tantos mortos,
após tanta violência. Qual a esperança em relação a esta trégua? O que a população,
os fiéis da paróquia, esperam dela?
Pe. Hernández: “Nós esperamos
que seja duradoura, longa, que seja para sempre. Basta ver o sofrimento dos dois povos....
e é necessário entender uma coisa, que absolutamente é necessário entender: uma guerra,
ninguém vence. Ninguém. Cada uma das duas partes deverá pagar as conseqüências, de
um modo ou de outro... Porém, fundamentalmente, em uma guerra ninguém a ganha: todos
a perdemos. Esperemos que Deus nos abençoe com a força necessária para recomeçar do
zero”.
RV: Que apelo o senhor poderia fazer aos ouvintes da Rádio
Vaticano, em favor de sua população, pela sua terra?
Pe Hernández: “Sobretudo
de procurar construir a paz na justiça. A paz é possível, a paz requer sacrifícios,
requer o testemunho de um e de outro e o reconhecimento do próximo. Porém, é possível.
Sobretudo para os cristãos, não é mesmo? Nós somos cristãos, somos seguidores do Príncipe
da paz, na terra de Jesus Cristo: pensemos em Israel, pensemos na Palestina....Portanto,
sermos fortes e firmes no testemunho que Jesus nos pede, que quer que o demos ali:
quer em israel quer na Palestina. Eu gostaria de acrescentar uma palavra de agradecimento:
eu não sei como agradecer a tantas pessoas da Itália, de todo o mundo, que estiveram
próximas de nós. Sobretudo os doentes, que ofereceram os seus sofrimentos, rezando
e suplicando por esta paz. Nós, todos os cristãos das paróquias de Gaza, seguidamente
rezamos pelas pessoas que rezam por nós, quer na Missa, que com o terço, quer na Adoração
Eucarística... Assim, quero aproveitar somente para dizer obrigado e que Deus os abençoe”.
(MT – JE)