2014-08-28 17:44:54

Cardeal Vegliò em relação ao Iraque: comunidade internacional faz muito pouco


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu na manhã desta quarta-feira na Casa Santa Marta, no Vaticano, o presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Cardeal Antonio Maria Vegliò: no centro do colóquio, em particular, o drama da população iraquiana que foge por causa das violências dos jihadistas do chamado Estado Islâmico. Para o Papa a Igreja deve estar na linha de frente na defesa dos mais fracos. A propósito, eis o que disse o Cardeal Vegliò, entrevistado pela Rádio Vaticano:

Cardeal Antonio Maria Vegliò:- "A Igreja deve ajudar justamente aqueles que mais necessitam, porque seus direitos são espezinhados. Portanto, a Igreja que é para os pobres e para quem não tem voz deve estar presente, e jamais devemos nos cansar de dizer essas coisas nas homilias, quer nos discursos, quer também como influência, eventualmente, em situações políticas."

RV: Agora há o novo drama dos deslocados no Iraque: são realmente muitos...

Cardeal Antonio Maria Vegliò:- "Eu os chamo de deslocados e refugiados, porque vão embora, porque se ficam em seus lugares de origem, morrem. Ora, diante destas pessoas não consigo entender como se possa dizer – como foi dito: "Mandemos de volta a seus países". Alguém que raciocina pode dizer a quem fugiu de seu país no qual teria sido morto, "volte para seu país?" Creio que falte não somente o sentido de humanidade, mas também a inteligência: sinto muito ter que dizer isso... Ademais, trata-se de gente que sofre: deixa tudo e vai embora... E não somente no Iraque, você bem o sabe. Agora o Iraque é a ponta do iceberg, porque ali se encontra a situação mais assustadora: há assassinatos, tragédias com as maneiras bárbaras que bem sabemos, que vimos... Esse povo precisa não somente de oração: a oração é importante, mas não basta; precisa de ajuda, precisa que a comunidade internacional assuma isso. De que modo? O Papa o disse no avião, de volta da Coreia: "É preciso frear essa gente". Como? Propriamente: é a comunidade internacional que deve avaliar os meios. Não pode fazer finta de nada. Justamente, o Papa disse: "Não podemos fechar os olhos, não podemos fazer finta que nada acontece", porque seria a mesma coisa de quando Hitler matava os judeus e depois de muitas vítimas disseram: Ah, não, não sabíamos de nada!: tudo hipocrisia! É preciso fazer algo!"

RV: Nesse sentido, a comunidade internacional está fazendo ainda muito pouco...

Cardeal Antonio Maria Vegliò:- "A comunidade internacional faz muito pouco: ou seja, a ONU e também um pouco a Europa que está mais próxima desses países, também geograficamente falando. A meu ver, a Europa deveria ter um pouco mais de sensibilidade. Infelizmente, na Europa temos muitos problemas, razão pela qual egoisticamente falando se pensa em si mesmo e pouco nos outros. Porém, se pensamos em nossos problemas – digo 'nossos' como italiano – que são graves, como se sabe, porque a economia vai mal, o trabalho falta para muitos, porém, são sempre problemas relativamente menores do que os desse pobre povo iraquiano que foge para não ser degolado..." (RL)







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