Concíclio Vaticano II: A Domus Mariae e os Bispos brasileiros
Cidade do Vaticano
(RV) - No nosso Espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos
continuar a tratar na edição de hoje da Domus Mariae, o local de moradia dos
bispos brasileiros em Roma, durante o evento Conciliar.
A Domus Maria,
além de servir de moradia para os episcopados brasileiro, húngaro, africano e indonésio,
acolhia também em seu amplo auditório reuniões da Conferência Episcopal Italiana.
Desta forma, o local transformou-se ao mesmo tempo em local de moradia e de intenso
trabalho e articulações.
Durante as sessões conciliares, os Bispos faziam duas
reuniões plenárias semanais na Domus Mariae - nas segundas e quartas-feiras,
das 16 às 19 horas -, para estudar os esquemas em pauta, com base nos estudos previamente
feitos, no Brasil, pelas equipes dos peritos. Destas reuniões, resultavam as intervenções
coletivas, proferidas pelo Presidente da Conferência Episcopal, e algumas vezes, por
outro Cardeal ou Bispo. Eram mimeografadas e submetidas à assinatura dos que apoiavam
a intervenção, depois de discutida na reunião. Em muitas ocasiões, o trabalho prosseguia
durante a noite. 21h10min era o horário escolhido para uma eventual conferência ou
reunião.
"À noite, após a ceia, faziam-se ainda reuniões, quer das regiões,
quer de grupos afins, com o objetivo de acertar pontos de vista em grupo, para as
discussões na reunião plenária".
A Domus Mariae, acabou tornando-se
um espaço familiar, um local de troca de relações que marcou profundamente seus "moradores
temporários", como bem descreveu o Pe. José Oscar Beozzo, na tese "Padres Conciliares
Brasileiros no Concílio Vaticano II Participação e Prosopografia":
"Criou-se
na Domus Mariae, um rico tecido de relações humanas que envolvia necessariamente o
pessoal da casa que cuidava da alimentação, da limpeza dos quartos, das chaves da
portaria, do serviço telefônico, do despacho do correio, as célebres 'signorine' que
prestavam esses inúmeros serviços, quase sempre com um toque de gentileza e gratuidade,
o que conquistou os bispos".
Ao final da segunda sessão, o redator do "Conciliábulo",
dirigiu uma palavra de agradecimento ao precioso trabalho destas senhoras. A cada
ano, foram organizadas festas de despedida e agradecimento por este trabalho "de retaguarda".
Dom Helder chega a renunciar, ao término da quarta sessão do Concilio, ao encontro
do seu último "Ecumênico" - o grupo de articulação entre bispos, alguns Episcopados
e moderadores, para não faltar à festa de despedida do pessoal da Domus Mariae.
Por
sua vez, a Secretária da CNBB, Sra. Aglaia Peixoto, foi considerada pelo jornal "Conciliábulo'
como o "anjo da guarda" dos bispos e “madre conciliar”, pelo preponderante papel desempenhado
em auxiliá-los. No nosso próximo programa, vamos falar da relação entre o Colégio
Pio Brasileiro e o evento conciliar. (JE)
Fonte: “Padres Conciliares
Brasileiros no Concílio Vaticano II Participação e Prosopografia 1959 – 1965”. Pe.
Oscar Beozzo