2014-08-27 17:09:33

Concíclio Vaticano II: A Domus Mariae e os Bispos brasileiros


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje da Domus Mariae, o local de moradia dos bispos brasileiros em Roma, durante o evento Conciliar.

A Domus Maria, além de servir de moradia para os episcopados brasileiro, húngaro, africano e indonésio, acolhia também em seu amplo auditório reuniões da Conferência Episcopal Italiana. Desta forma, o local transformou-se ao mesmo tempo em local de moradia e de intenso trabalho e articulações.

Durante as sessões conciliares, os Bispos faziam duas reuniões plenárias semanais na Domus Mariae - nas segundas e quartas-feiras, das 16 às 19 horas -, para estudar os esquemas em pauta, com base nos estudos previamente feitos, no Brasil, pelas equipes dos peritos. Destas reuniões, resultavam as intervenções coletivas, proferidas pelo Presidente da Conferência Episcopal, e algumas vezes, por outro Cardeal ou Bispo. Eram mimeografadas e submetidas à assinatura dos que apoiavam a intervenção, depois de discutida na reunião. Em muitas ocasiões, o trabalho prosseguia durante a noite. 21h10min era o horário escolhido para uma eventual conferência ou reunião.

"À noite, após a ceia, faziam-se ainda reuniões, quer das regiões, quer de grupos afins, com o objetivo de acertar pontos de vista em grupo, para as discussões na reunião plenária".

A Domus Mariae, acabou tornando-se um espaço familiar, um local de troca de relações que marcou profundamente seus "moradores temporários", como bem descreveu o Pe. José Oscar Beozzo, na tese "Padres Conciliares Brasileiros no Concílio Vaticano II Participação e Prosopografia":

"Criou-se na Domus Mariae, um rico tecido de relações humanas que envolvia necessariamente o pessoal da casa que cuidava da alimentação, da limpeza dos quartos, das chaves da portaria, do serviço telefônico, do despacho do correio, as célebres 'signorine' que prestavam esses inúmeros serviços, quase sempre com um toque de gentileza e gratuidade, o que conquistou os bispos".

Ao final da segunda sessão, o redator do "Conciliábulo", dirigiu uma palavra de agradecimento ao precioso trabalho destas senhoras. A cada ano, foram organizadas festas de despedida e agradecimento por este trabalho "de retaguarda". Dom Helder chega a renunciar, ao término da quarta sessão do Concilio, ao encontro do seu último "Ecumênico" - o grupo de articulação entre bispos, alguns Episcopados e moderadores, para não faltar à festa de despedida do pessoal da Domus Mariae.

Por sua vez, a Secretária da CNBB, Sra. Aglaia Peixoto, foi considerada pelo jornal "Conciliábulo' como o "anjo da guarda" dos bispos e “madre conciliar”, pelo preponderante papel desempenhado em auxiliá-los. No nosso próximo programa, vamos falar da relação entre o Colégio Pio Brasileiro e o evento conciliar. (JE)



Fonte: “Padres Conciliares Brasileiros no Concílio Vaticano II Participação e Prosopografia 1959 – 1965”. Pe. Oscar Beozzo








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