36 anos atrás era eleito João Paulo I, o Papa sorriso
Cidade do Vaticano
(RV) - Em 26 de agosto de trinta e seis anos atrás era eleito o Papa João Paulo
I. A data foi recordada na tarde desta terça-feira com uma missa celebrada em Canale
d'Agordo – terra natal de Albino Luciani –, presidida pelo prefeito da Congregação
para o Clero, Cardeal Beniamino Stella.
Um sacerdote que viveu na humildade,
na caridade e na obediência, fazendo coincidir o que ensinava com a sua vida: foi
o perfil espiritual de Luciani traçado pelo Cardeal Stella.
"Partilho com ele
as raízes nesta terra vêneta", disse o purpurado, ressaltando tê-lo conhecido de perto,
inclusive como seu bispo, durante onze anos, após ter participado em Roma de sua consagração
episcopal. E, a propósito, recordou que foi propriamente Luciani que em outubro de
1965, ao término do Concílio ecumênico Vaticano II, "respondeu sim à Secretaria de
Estado que me pedia para o serviço da Santa Sé", frisou.
Foi, portanto, "como
cumprindo um voto de reconhecimento a sua pessoa", que o purpurado escolheu "falar
sobre Albino Luciani enquanto sacerdote, com atenção particular ao tema da vocação
sacerdotal".
De fato, afirmou, "o Papa Luciani será recordado, sobretudo, como
um modelo de vida sacerdotal: um sacerdote transparente, zeloso e sem hipocrisia,
com uma vida toda ela voltada a tornar visível e crível a substância do Evangelho
– na humildade, na caridade e na pobreza – com uma admirável coincidência entre aquilo
que ensinava e aquilo que praticava e vivia, na cotidiana fidelidade a sua vocação,
em todo seu percurso, de jovem sacerdote até a Cátedra de Pedro".
Luciani,
evidenciou o prefeito da Congregação para o Clero, "dedicou suas energias, primeiro
como docente e vice-reitor do seminário, depois como vigário-geral em Belluno e como
bispo em Vittorio Veneto, ao cuidado para com as vocações e os sacerdotes. Quis muito
bem a seus sacerdotes, inclusive aos que lhe fizeram sofrer".
Em relação à
vocação de Luciani, o purpurado recordou aqueles que o acompanharam de perto no caminho.
Entre estes, o capuchinho Frei Remigio, pregador quaresmal, e o pai de Luciani, Giovanni,
que emigrou para a Alemanha para sustentar a família.
O Cardeal Stella ressaltou,
sobretudo, o testemunho de Pe. Filippo Carli, o pároco, que encaminhou o futuro Papa
João Paulo I ao seminário. "Através da orientação e do exemplo deste sacerdote, a
intuição inicial tornou-se uma escolha definitiva de vida no sacerdócio".
De
resto, "não é difícil entrever as linhas e a continuidade que unem o Pe. Filippo e
o Pe. Luciani na grande vontade de ser simples e eficaz na pregação e na catequese;
na atenção aos humildes e aos pobres; na obediência e na lealdade à Igreja".
Ademais,
a obediência: Luciani, recordou o purpurado, "fez da lealdade para com os superiores
a estrela de seu caminho, até a mais corajosa e exemplar lealdade a Paulo VI, nos
momentos mais fortes e dramáticos da contestação dos anos Setenta".
Quanto
ao magistério de Luciani sobre o sacerdócio, o purpurado citou as palavras que o Pontífice
dirigiu ao clero romano em 7 de setembro de 1978, evocando "dois instrumentos que
formam e sustentam o bom padre em sua missão: o sentido da disciplina e o recolhimento".
O
Cardeal Stella concluiu agradecendo ao Senhor "pelo dom à Igreja que é hoje o Papa
Francisco, o qual – ressaltou – com o seu sorriso, sua simplicidade, sua humanidade
e seu não poupar-se ao serviço à Igreja nos faz recordar o 'nosso' Papa Luciani".
(RL)