2014-08-22 18:36:27

Nigéria, Boko Haram avança. Onaiyekan: "Párem com os terroristas"


Na Nigéria, os milicianos islâmicos do Boko Haram conquistaram outras duas cidades do Nordeste: Buni Yadi no Estado de Yobe, e Gwoza no Estado de Borno. Mais de 11 mil as pessoas forçadas a fugir. Sobreviventes relataram execuções sumárias, saques e postos de controle instalados pelos combatentes fundamentalistas. Segundo as Nações Unidas, a partir de maio de 2013 mais de 650 mil pessoas fugiram das violências do Boko Haram. Marco Guerra recolheu os comentários do Cardeal John Olorunfemi Onaiyekan, Arcebispo de Abuja:

Depois das últimas vitórias do Boko Haram, o facto que mais surpreende é que em vez de parar, parece que estas milícias continuam a ser capazes de fazer novas conquistas. Conquistaram o controle de uma aldeia, que - digamos - é, na verdade, também uma cidade. Mas praticamente muitas pessoas fugiram daquela cidade, por não ser segura. O Boko Haram, na verdade, já tinha feito várias incursões. Pior ainda é que, a patrulha militar que deveria estar lá, foi retirada, e não se sabe porque. Agora estamos à espera de uma explicação, porque eu acho que se trata de uma notícia bastante embaraçosa para o próprio governo.

Foram sequestrados outros cem meninos no Norte, na semana passada …

Mas, realmente, já não se sabe mais o que pensar. O facto é que agora por causa das eleições do próximo ano tudo é instrumentalizado pela política. Nós já não conseguimos ver com clareza o que está a acontecer realmente. O que me parece certo é que muitos jovens muçulmanos daquela zona são simpatizantes do Boko Haram e muitos se põem à sua disposição: aderindo ou trabalhando para eles nas aldeias. E então, não se percebe se se trata de raptos ou se é apenas gente que por própria vontade passa da parte deles. Naturalmente, existem jovens, especialmente cristãos, que não querem ter nada a ver com o Boko Haram. Parece que Boko Haram conseguiu estabelecer uma forte ruptura entre cristãos e muçulmanos, que por muitos anos viveram juntos como irmãos e irmãs, nas mesmas aldeias. Isto é preoccupante.

O Boko Haram é tomado como exemplo pelo Estado islâmico ...

Naturalmente, quando ouvimos falar sobre o que está a acontecer no Iraque, nos faz pensar e também nos traz medo. Vê-se o que significa um Estado Islâmico. Boko Haram, pelo menos até agora, graças a Deus, não é tão consistente para representar um grande perigo para o Estado nigeriano. O perigo é que, se aumenta este modo de pensar entre as pessoas, se possa chegar também a uma situação semelhante àquela do Norte do Iraque. A minha amargura é a de não ver, no modo de agir do nosso governo, a percepção da gravidade da situação. Permanece o facto que a situação nigeriana não é como a do Iraque. O número da população cristã é quase o mesmo que o dos muçulmanos, na Nigéria. O problema da Nigéria não é o da perseguição dos cristãos pelos muçulmanos: o problema principal é parar as atividades dos terroristas, que matam todos, cristãos e muçulmanos.









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