Visita do Papa à Coreia "foi um sucesso para a fé"
Seul (RV) – A visita do Papa “foi um sucesso para a fé, para a organização,
para os meios de comunicação”. Bergoglio deixou um sinal indelével nos fiéis católicos
e nos não-católicos. Mas se eu pudesse assinalar o momento “mais significativo, que
ficará gravado na memória dos coreanos, foi a visita à ‘Casa da Esperança’, aonde
encontrou, abraçou e acariciou jovens com deficiências e abandonados”: foi o que declarou
à Agência Fides Dom Peter Kang U-il, Bispo de Cheju e Presidente da Conferência Episcopal
Coreana, fazendo um balanço da viagem do Pontífice (14-18 agosto).
O Bispo
explicou à Fides: “O Papa Francisco deixou uma impressão favorável em todo o povo
coreano. Viveu conosco momentos inesquecíveis como a beatificação dos mártires coreanos.
Mas a visita ao ‘Povoado das flores” (Kkottongnae, em Seul) foi uma visita realmente
especial. O Papa saudou um por um e passou ali muito tempo, além do previsto, cerca
de uma hora - em relação aos 30 minutos previstos. Por isto teve de cancelar a celebração
das vésperas no encontro com os religiosos”.
“O Papa Francisco recordou que
é importante rezar, mas importante também é a atenção aos últimos, aos pequenos. Eu
também fiquei muito impressionado com esta espontaneidade. O Papa destaca a proximidade
aos vulneráveis: é uma mensagem importante para a nossa comunidade cristã na Coréia”.
Falando sobre o que deixará essa visita para a Igreja coreana, Dom Peter Kang
U-il, disse: “para nós significa que a espiritualidade deve estar ligada à atenção
ao próximo, sobretudo aos marginalizados. Na Coreia, a sociedade de matriz confucianista
coloca os pobres no último lugar e corre o risco de considerar os idosos como inúteis.
O comportamento concreto do Papa, sua proximidade aos pequenos, dará um novo impulso
a toda a Igreja coreana”.
“Todos os coreanos”, prossegue o Bispo, “se fazem
uma pergunta depois da visita do Papa Bergoglio ao Povoado das flores, que teve um
grande impacto midiático”. Sempre neste percurso, “entre os momentos significativos
houve o abraço aos familiares das vítimas do desastre da balsa de Sewol. O Papa se
deteve alguns minutos com eles, antes da missa, e também ali ocorreu algo inesperado.
Ele simplesmente os abraçou e partilhou com eles seus sofrimentos por alguns minutos.
Sem palavras, mas permanecendo alguns minutos com eles. Um forte sinal de proximidade
espiritual que não nos esqueceremos”.
“A visita de Bergoglio”, sublinhou Dom
Kang U-il na coletiva de imprensa conclusiva, “mandou uma mensagem aos jovens da Ásia:
despertem-se e sejam vigilantes” e depois falou à sociedade coreana recordando que
“a pobreza não deve ser combatida somente com formas estéreis de caridade”, mas “fundando
a convivência social na justiça”. “A paz na península coreana”, concluiu o Bispo,
“poderá começar pela partilha de uma mentalidade baseada na fraternidade, reconhecendo-se
irmãos enquanto filhos de Deus”. (SP)