Brasília (RV) - Uma pesquisa aponta que o Brasil é o segundo país do mundo
a exportar missionários para outros países. De acordo com o professor da Gordon-Conwell,
Todd Jonhson, 34 mil missionários e missionárias brasileiras foram enviados ao exterior
em 2010, o que significa 70% a mais que 2009. “A quantidade de missionários enviados
pelo Sul global supera o declínio do cristianismo na Europa”, disse.
A epidemia
do Ebola que tem assolado alguns países da África nos últimos meses, causando a morte
de tantos seres humanos e entre eles, missionários e missionárias, tem chamado a atenção
para a questão da missionariedade em países com situações de risco e ameaça à vida.
11.835
missionários e missionárias marcam presença em países africanos atingidos pela epidemia,
entre eles Guiné, Nigéria, Serra Leoa e Libéria.
Por ocasião da morte de três
missionários vítimas do Ebola, Irmã Chantal, Frei Patrick e Padre Miguel Pajares,
a presidente nacional da CRB, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, em nota, manifestou
condolências às famílias dos missionários e às suas congregações e exaltou o espírito
missionário que os estimulou a dar a vida pelos outros.
“Em primeiro lugar,
nos unimos a todos os Institutos que perderam seus membros. É uma doença incurável
que nos preocupa. Os missionários estão a serviço do povo e o assumem de tal maneira
na dimensão do martírio”, afirmou.
De acordo com Irmã Inês, o missionário que
abraça uma missão de maneira apaixonada dificilmente abandonará o país na hora em
que as pessoas mais precisam deles. “É nesta hora que se dá a entrega da vida e é
um espírito autenticamente missionário que impulsiona esses religiosos, que querem
fazer a sua parte preservando as vítimas e acabam sendo vitimados por aquela situação
ou epidemia, morrendo, conscientemente, pelo povo”.
Para Irmã Inês, esta dimensão
da entrega da vida tem um sentido eclesial, teológico, em vista do crescimento da
Igreja. “Onde há mais mártires surgem sementes de novos cristãos”, frisou.
Ao
ser questionada sobre a presença de missionários em situações de risco, Irmã Inês
afirmou que os Institutos usam da prudência, em vista da preservação da vida do missionário,
mas lhe dá, ao mesmo tempo, a liberdade de escolha. “Somos defensores da vida e não
enviaríamos missionários onde que sua vida será ceifada, porém o religioso é livre
para decidir. Quanto aos religiosos que já estão lá, jamais abandonarão a causa, mas
morrerão junto aos seus destinatários, por causa do Reino”, enfatizou.
Entre
os 11.835 missionários na África, 1.065 são sacerdotes de congregações religiosas.
Nos países atingidos pela epidemia são: 21 na Libéria, 66 em Serra Leoa, e na Guiné,
22. O país que mais abriga religiosos é a Nigéria, com 956 missionários e sofre mais
influência da fé católica.
Na África, 23,14% da população é católica; o que,
em dados totais, se traduz em mais de 205 milhões, números que aumentaram em 29%
entre 2005 e 2012, de acordo com o Anuário Pontifício do Vaticano. Esse crescimento,
segundo pesquisa, se deve ao trabalho dos religiosos. (CRB)