Cidade do Vaticano (RV) – Um dos motivos da viagem
Apostólica do Papa Francisco à Coreia do Sul foi a VI Jornada da Juventude Asiática,
que se realizou em uma grande tenda montada no estacionamento do Santuário dos mártires
coreanos, em Solmoé, a cerca de 15 Km de Daejon. Seis mil os participantes: 4 mil
provenientes de 23 países da Ásia e 2 mil coreanos. Foi um ambiente de festa e de
muita alegria no encontro do Papa, encontro que teve lugar na última sexta-feira,
dia 15. O Papa Francisco assistiu inicialmente a um momento de festa e reflexão que
incluiu, sucessivamente, uma exibição artística de jovens indonésios, o discurso Bispo
de Daejon, testemunhos e perguntas formuladas por alguns jovens, e um breve espetáculo
"musical" sobre a parábola do Filho Pródigo, ou do Pai misericordioso. O Santo Padre
falou na segunda parte do encontro, lendo em inglês o seu discurso preparado, mas
improvisando a partir de certa altura diferentes observações; em italiano, com tradução
sucessiva em coreano. Pediu desculpas do seu “pobre” inglês.
Papa Francisco
inicialmente refletiu sobre uma parte do tema destas Jornadas: «A glória dos Mártires
resplandece sobre vós». “Tal como o Senhor fez resplandecer a sua glória no testemunho
heroico dos mártires, do mesmo modo deseja que a sua glória resplandeça na vida de
vocês e, por seu intermédio, deseja iluminar a vida deste grande Continente” – disse
o Papa. Hoje Cristo bate à porta do seu coração; convida vocês a se levantarem, a
permanecerem despertos e atentos, a ver as coisas que verdadeiramente contam na vida.
Mais ainda! Pede para vocês irem pelas estradas e caminhos deste mundo e bater à porta
do coração dos outros, convidando-os a recebê-Lo na sua vida.
“Este grande
encontro dos jovens da Ásia permite-nos vislumbrar o que a própria Igreja é chamada
a ser no projeto eterno de Deus. Junto com os jovens de todas as partes, vocês querem
se comprometer com a construção de um mundo, onde todos convivem em paz e na amizade,
superando as barreiras, recompondo as divisões, rejeitando a violência e os preconceitos.
É isto que Deus quer de nós. A Igreja é germe de unidade para toda a família humana.
Em Cristo, todas as nações e povos são chamados a uma unidade, que não menospreza
a diversidade, mas a reconhece, harmoniza e enriquece”.
O Papa reconheceu
que “muitas vezes nos parece que as sementes de bem e de esperança que procuramos
semear acabam sufocadas pelo egoísmo, inimizade e injustiça; e não só ao nosso redor
, mas também nos nossos corações. Preocupa-nos – disse - o desnível crescente entre
ricos e pobres nas nossas sociedades. Vemos sinais de idolatria da riqueza, do poder
e do prazer, que se obtêm com custos altíssimos para a vida humana. Ao nosso lado,
muitos dos nossos amigos e coetâneos, embora rodeados de grande prosperidade material,
sofrem de pobreza espiritual, solidão e silencioso desespero. Parece quase que Deus
foi removido deste horizonte”. Mas é precisamente aqui que os jovens asiáticos estão
chamados a intervir, com fé e esperança.
Dizendo ainda aos jovens que Deus
conta com eles e com a sua geração, o Papa insistiu perguntando aos jovens se estão
prontos a dizer sim a Cristo. Questões centradas sobre “o que o Senhor quer da minha
vida”. O Papa disse aos jovens que é preciso escutar a voz de Jesus, e encontrar o
caminho que o Senhor quer para mim.
Já neste domingo à tarde, na missa conclusiva
da VI Jornada da Juventude Asiática, o Papa Francisco pediu para se construir uma
Igreja Católica mais "humilde" e "missionária". Na fortaleza de Haemi, Francisco também
se referiu ao lema desta edição da JJA, "Despertai!", ao pedir aos jovens para ficarem
alertas perante "as pressões, as tentações e aos pecados próprios" e também lhes convidou
a discernir "os aspectos da vida contemporânea que são pecaminosos, corruptos e conduzem
à morte".
A missa de encerramento da JJA contou com a presença de 45 mil pessoas
no total, entre os jovens vindos de toda a Ásia e os fiéis sul-coreanos que se uniram
à celebração.
“Cada um de vós possui um lugar e um contexto próprios, onde
sois chamados a espelhar o amor de Deus. O continente asiático, permeado de ricas
tradições filosóficas e religiosas, continua a ser uma grande fronteira que espera
o seu testemunho de Cristo”, disse o Papa Francisco. Ele desafiou os participantes
a “apreciar os inúmeros valores positivos das diferentes culturas da Ásia” e a discernir
nelas aquilo que é “incompatível” com a fé católica e os aspetos da cultura contemporânea
que são “pecaminosos, corruptos e levam à morte”.
“Como jovens que não apenas
vivem na Ásia, mas são filhos e filhas deste grande continente, vocês têm o direito
e o dever de tomar parte plena na vida das vossas sociedades. Não tenham medo de levar
a sabedoria da fé a todos os campos da vida social”, apelou.
Falando em inglês,
Francisco gracejou e disse que não gosta de ver jovens “dormindo”. “Não! Acordem,
vão, vão em frente”, pediu, sublinhando a importância de apresentar uma mensagem de
“misericórdia” ao mundo de hoje ao “estrangeiro, o necessitado, o pobre e quem tem
o coração despedaçado. O Papa disse que os jovens católicos devem responder ao “gemido
de tantas pessoas nas nossas cidades anônimas” e ouvir “a oração de todos os mártires
que ainda hoje sofrem perseguição e morte pelo nome de Jesus”.
“«Senhor, ajuda-me!»
Demos resposta a esta invocação, não como aqueles que afastam as pessoas que pedem,
como se a atitude de servir os necessitados se contrapusesse a estar mais perto do
Senhor. Não! Devemos ser como Cristo, que responde a cada pedido de ajuda com amor,
misericórdia e compaixão”.
No final da Missa, o Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo
de Mumbai e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, anunciou
que a próxima Jornada da Juventude Asiática vai se realizar na Indonésia, em 2017.
(SP)