Reflexão sobre a liturgia dominical – Solenidade da Assunção de Maria
Cidade do
Vaticano (RV) - No Evangelho Maria anuncia a nova sociedade, não apenas a celeste,
mas também a terrestre, desde que essa seja seguidora do Evangelho de seu Filho Jesus.
Já
no início do relato de hoje, ao se declarar “serva do Senhor”, ela aceita entregar
sua vida à missão que Deus lhe solicita, e gera Jesus. Pouco depois, decide ir servir
sua prima Isabel que está grávida de João Batista.
É a Mãe de Deus quem vai
servir a mãe de seu colaborador, o Precursor do Messias. A partir deste momento vemos,
nesta terra, a mudança sócio-política de poder, de funções. Maria assinala, com seu
gesto, que é solidária com os mais necessitados e, principalmente, que Deus vem libertar
os pobres e humilhados.
Ao recitar o “Magnificat”, Maria é portadora da voz
dos oprimidos, dos pobres e dos aflitos. Ela diz que os beneficiados por Deus são
os que confiam no Senhor e que os poderosos e ricos são derrubados de seus tronos
e despedidos de mãos vazias.
A segunda leitura, extraída da 1ª Carta aos Coríntios,
nos reporta ao sentido da celebração de hoje, o têrmo de nossa existência.
Paulo
reflete que a idéia do homem ser um ser-para-a-morte foi destruída pela ressurreição
de Cristo. Agora, o homem é um ser- para-a-vida!
O Apóstolo conclui que “Como
em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão.”
Nascemos filhos
de Adão, seres-para-a-morte. Mas o batismo, o aceitar a morte e ressurreição de Jesus
Cristo, aceitar seu Evangelho, nos transformou em seres-para-a-vida. No batismo renascemos
como ser-para-a-vida!
Ora, aquele que é destinado à morte, já desde agora pratica
atos mortais, sua existência é sinalizada por tudo aquilo que está ligado à cultura
de morte como o egoísmo, o egocentrismo, a subserviência aos poderosos, o apêgo ao
dinheiro, ao poder, ao prestígio, sendo consumista e integrado às leis e normas deste
mundo.
Evidentemente, os destinados à vida se comportam desde agora como cidadãos
do mundo que virá e que permanecerá para sempre. São pessoas generosas, despojadas,
humildes, serviçais, solidárias. Pessoas que optaram pela vida, que tansbordam amor,
segurança, confiança, enfim transbordam tudo aquilo que “pro-voca” o surgimento do
ser, que o chamam a uma existência em plenitude, cujo têrmo é o Céu!
Maria,
a “cheia de graça”, aquela cuja vida foi um sim absoluto a Deus, à Vida, aquela que
vivenciou e proclamou com o Magnificat a nova ordem do Mundo, só poderia ter como
ápice a Assunção Gloriosa ao Céu, para viver sempre ao lado de seu Filho, do Pai que
a criou e do Espírito que sempre guiou sua existência.