Cidade do Vaticano
(RV) – Orar não é em vão. Neste período de incerteza em relação ao futuro, o que
é certo é o sofrimento das vítimas dos bombardeios e das perseguições, da injustiça
e da opressão, da discórdia e do ódio.
Orar não é em vão, disse o Papa Francisco
ao eclodir do enésimo conflito entre israelenses e palestinos, logo após o encontro
de oração, aqui no Vaticano, no dia 8 de junho, com a presença do Patriarca Bartolomeu
I, do então Presidente de Israel, Shimon Peres, e do Presidente palestino, Abu Mazen.
Num
cenário de total desolação, de destruição e morte – quase 1400 vítimas – orar não
é em vão. Por isso, repropomos a oração e as palavras e pronunciadas pelo Pontífice
e seus ilustres hóspedes naquele dia 8 de junho – encontro para implorar a paz para
a Terra Santa, o Oriente Médio e o mundo inteiro.
Para fazer a paz é preciso
coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao
encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não
às hostilidades; sim ao respeito dos patos e não às provocações; sim à sinceridade
e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A
história ensina-nos que as nossas forças não bastam. Por isso estamos aqui, porque
sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas
responsabilidades, mas invocamos a Deus como ato de suprema responsabilidade perante
as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder:
a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra:
«irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos
filhos de um único Pai.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo,
pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor
Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos
anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas;
tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas;
tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor,
ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz.
Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais
a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar
gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus
Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada
dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos
que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos
cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os
nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama
da esperança para efetuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação,
para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas
palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações
e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo
da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amém.