2014-07-30 14:21:01

Pe. Neuhaus: conflito em Gaza não deve criar divisão entre cristãos


Jerusalém (RV) - “O maior desafio é evitar que o conflito em Gaza cause divisão entre os cristãos”. Esta é a preocupação manifestada pelo Vigário patriarcal Latino de Jerusalém para os católicos de língua hebraica, Padre David Neuhaus, em declaração à “Ajuda à Igreja que Sofre”.

“Os cristãos de língua hebraica se identificam plenamente com Israel, enquanto os cristãos de língua árabe alinham-se com a parte palestina”. Nestes trágicos momentos, a Igreja local também está comprometida em “recordar aos fiéis de Gaza e de Beersheva – onde reside uma das comunidades de católicos de língua hebraica – que são irmãos na fé e que, não obstante o conflito, devem ter objetivos comuns”.

Padre Neuhaus está certo que o único modo para colocar fim aos conflitos entre Israel e palestina é a compreensão de que a violência gera somente nova violência. “Bombardear Gaza conseguirá somente aumentar o número de pessoas em busca de vingança”, afirmou o religioso, explicando que o conflito é alimentado pela convicção, tanto israelense como palestina, de poder vencer com o uso de armas. “O governo de Netanyahu parece acreditar que a intervenção militar produzirá importantes resultados – explica – assim como o Hamas continua a defender que por meio da violência conseguirá colocar israel de joelhos”.

Outrossim, o jesuíta chama a atenção para o papel que cada uma das duas comunidades cristãs deve desempenhar na própria sociedade, promovendo os valores evangélicos da justiça, da paz, do perdão e da reconciliação. “A Terra Santa tem necessidade de um ecumenismo profético que una os cristãos - não obstante os conflitos -, e permita a eles serem promotores de paz em cada uma das partes envolvida no conflito”.

Também os cristãos ocidentais não podem permanecer imparciais, mas deveriam tomar o lado de “todos que sofrem, porque os governos rejeitam o diálogo”. “Devem alinhar-se com as crianças condenadas a este desespero, com quem promove o diálogo, sobretudo devem descrever objetivamente a realidade: este não é um território de inimigos. É a Terra onde Deus plantou judeus, cristãos, israelenses e palestinos, para combaterem entre si, mas para reconhecer que são irmãos e irmãs”.

A comunidade católica de língua hebraica teve um grande aumento nos últimos anos devido à chegada em Israel de muitos migrantes católicos provenientes da Índia, Filipinas e de outras nações da África, América Latina e Europa do leste. Hoje, no país, existem entre 50 e 60 mil imigrantes católicos, cujos filhos falam, frequentemente, somente a língua hebraica. Um novo desafio para a Igreja local, que pela primeira vez na história tem fiéis que não falam nem árabe e nem as principais línguas européias. (JE)









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