Desafio do acolhimento: cresce número de africanos no Brasil
Brasília (RV) - O Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), da Congregação
das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas), atendeu 295 ganeses
que chegaram ao Distrito Federal nos últimos meses, com solicitação de refúgio.
De
acordo com a Diretora do Instituto, Irmã Rosita Milesi, o número vem crescendo significativamente
não só em Brasília como em outras cidades, a exemplo de Caxias do Sul (RS), Criciúma
(SC) e São Paulo (SP). Dados do IMDH mostram que os imigrantes atendidos são, na maioria,
homens entre 20 e 40 anos, que informam terem vindo de Acra, capital de Gana.
Enquanto
uns já se apresentaram à Polícia Federal para solicitar refúgio, outros aguardam para
ser atendidos. “Todos expressam a grande esperança de receber proteção, segurança
e de construir melhores condições de vida no Brasil”, explica Irmã Rosita. Entre os
motivos para o pedido de refúgio, a religiosa cita os conflitos por questões fundiárias,
perseguição devido à orientação religiosa, dificuldade de trabalho e falta de perspectiva
em seu país de origem. Enquanto aguardam a documentação necessária para poder trabalhar
no Brasil, muitos enfrentam dificuldades e vivem em situações precárias, nas regiões
mais carentes e distantes.
Por sua vez, O arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime
Spengler, manifestou sua preocupação em relação à acolhida aos africanos e peruanos
que nas últimas semanas têm chegado em grande escala nas cidades do Sul do Brasil.
No
programa a “Voz do Pastor”, da Rádio Aliança de Porto Alegre, Dom Jaime chamou a atenção
da população sobre a questão da migração atual e fez memória da história da imigração
europeia para o Brasil, recordando que assim como os peruanos e africanos precisam
de acolhida agora, no passado os europeus viveram a mesma situação.
“Nestas
últimas semanas temos sido informados a respeito da situação dos migrantes que estão
chegando ao nosso estado do Rio Grande do Sul. São haitianos, peruanos, senegaleses,
ganeses, entre outros. Trata-se de uma realidade difícil e desafiadora” disse Dom
Jaime.
O Arcebispo demonstrou indignação em relação ao modo como parte da população
tem recebido estes estrangeiros. “Em se falando do fenômeno migratório que estamos
presenciando, causa estranheza observações genéricas de caráter, por vezes, preconceituosas
e discriminatórias. Há quem afirme que os migrantes que estão chegando até nós sejam
delinquentes... Este tipo de observação célere é, certamente, expressão de falta de
compreensão da questão. Generalizar é ir muito além do razoável”, frisou.