Centenário da Grande Guerra. D. Redaelli: em Redipuglia o Papa rezará pelas vítimas
Em Redipuglia, o Papa Francisco também visitará o cemitério Austro-Húngaro e rezará
por todas as vítimas da Grande Guerra, disse nesta segunda-feira o arcebispo de Gorizia
D. Carlo Maria Roberto Redaelli, antecipando os detalhes da próxima visita do Papa
Francisco, a 13 de setembro, ao Sacrário militar que recolhe os corpos dos cem mil
caídos italianos no Primeiro Conflito Mundial. Por ocasião dos 100 anos do início
da guerra, o arcebispo explicou à imprensa os conteúdos de uma carta que ele escreveu
aos fiéis da sua diocese. A RV (Paul Ondarza) entrevistou-o: Este aniversárioestá intimamente relacionado coma Diocese
deGoriziae estes territóriosque na altura faziam partedo ImpérioAustro-Húngaro, de modo que oinício da guerra,para os jovens
daqui, foi precisamente no dia 14de setembro,quando foram enviadospara a frente russa
na Galiza.Este aniversário éalgo importantepara nós. O que
significa a visita do Papa? Certamente, penso que a
visita do Papanos lembra aquilo
que foi feitodurante osmagistériosdos papas, a partir do Papa BentoXV, que tinha definido a Primeira Guerra
Mundial"um massacre inútil",
comotambém recordou oPapaFrancisco no Angelusdo último domingo. Ele nos
traz certamente uma mensagem de paz, sobretudo para
hoje:o risco de quea memória
daPrimeira Guerra Mundial seja
apenas uma recordação histórica, aqui
nos nossos ladosaté mesmo turística, que
leva as pessoas a visitaras trincheiras,
em vez de outras fortificações. Pelo contrário,deve ser algo quenos convida auma obra concreta depaz.
Também o sentido da minha carta é mesmo esse: depois de uma referência
aos textosda Palavra deDeus
e doMagistério, dar algumaindicação
completa parauma obra depaz
ereconciliação nas nossas
terras. E diante das questões de paz e de defesa, também a comunidade
cristã não pode ficar para trás: na sua carta cita a importância da oração e explica
o papel importante da comunidade cristã … A oração, a escuta
da Palavra de Deus eo aprofundamento doensinamento da Igreja, mas depois em concreto
asatitudes-eu diria- quotidianas, como
o conhecimento do outro: a um certo ponto,
é mais fácil disparar para umacategoria
genérica em vez de uma pessoa,um
rosto familiar, não é?Em
seguida, enfrento o tema do acolhimento,eaqui encontramostoda
a questão daimigraçãoe,
finalmente,o tema da justiça. Também
douduas pequenas indicações que, talvez,
são oportunas paraa nossa realidade.
A primeira diz respeitoa quemtem responsabilidadestambémdaspolíticas de defesa: citando
aConstituição italiana, recordo que provavelmente
nãoé a mesma coisaprepararum exército para operações de paz–
de peacekeeping, como se diz agora- em
vez deuma guerra de agressão. A
outra categoriaque menciono é a dos
meiosde comunicação socialque
têmuma grande responsabilidade, como aliás
foi há cem anos atrás, exatamente em criaremoções,
expectativas, possibilidades depaz ou de guerra, de criar o adversário,o inimigo. Três horas, assim vai durar a visita do Papa
no próximo dia 13 de Setembro 13 em Redipuglia. Como será articulada esta visita?
Tanto quantosabemos–
penso que oprograma deve
ainda ser concretizado–
o Papa não apenas celebrará a Missano Sacrário
deRedipuglia, mas também irá visitar
o cemitérioAustro-Húngaro, a pouca distância
doSacrário, que recolhe também os
restos dosexércitos adversários ao exército
italiano. Redipuglia tem cem
militalianos caídos.Nestecemitério, há 15.000caídos
dediferentes nacionalidades:
austríacos,eslovenos, húngaros,
tchecos, eslovacos...
Portanto, também estesinal que opapa
fará será importante para dizer que ele
vem como peregrinode paz,para alémdos limites, das pertenças. Como
vos estais a preparar para viver esta visita? A intençãoé
mesmo de preparar esta visitado Papa na
oração, reflexão, no acolhimento dasua
palavra. A sua esperança por esta visita que, como dizíamos, cai no centenário
do início da Grande Guerra e num momento histórico em que, infelizmente, continuamos
a falar de guerras, pensemos em Gaza ou na Ucrânia … Certamente,a esperança é que, como sempre, as palavras
do Papanãocaiam no vazio,
massejam recebidas, certamente
nos nossos corações,mas tambémnos doshomens e mulheresde boa vontade,para que possamfazer alguma coisa.Naminha
cartaeucito uma passagembem conhecidadas Bem-Aventuranças,
onde os pacificadores são "bem-aventurados",
porque são pessoas quelevama sério etrabalham pondo
em risco até as suas vidaspela justiça
epela paz.