Patriarca dos caldeus no Iraque à ONU: basta indiferença para com os cristãos
Bagdá (RV) - Permanece crítica a situação dos cristãos no Iraque. Enquanto
isso, nestas horas, o balanço do ataque de um comando armado a um ônibus de detentos,
nas proximidades de Bagdá, é de ao menos sessenta mortos.
O Patriarca dos caldeus,
Dom Louis Sako, lançou um apelo às Nações Unidas a fim de que "o Conselho de Segurança
não permaneça um simples observador das contínuas atrocidades cometidas contra os
cristãos", expulsos do norte do país pelos muçulmanos do "Estado Islâmico".
Em
nível político, realiza-se nesta quinta-feira a segunda sessão do Parlamento do País
do Golfo dedicada à eleição do chefe de Estado, após a sessão do dia anterior sem
resultados; ao tempo em que pode ser instituída uma Comissão para que se ocupe da
minoria cristã. A esse propósito, eis o que disse Dom Sako, entrevistado pela Rádio
Vaticano:
Dom Louis Sako:- "Mil famílias deixaram Mosul após a publicação
da ordem do Isis (Estado islâmico do Iraque e do Levante). Os cristãos estão nos vilarejos
da Esplanada do Nínive e também nas cidades curdas. O Curdistão e a Igreja caldeia
estão ajudando um pouco estas famílias, mas até agora não foram tomadas medidas para
auxiliá-las ou para encontrar uma solução política para elas. Portanto, o povo se
encontra ainda em situação de pânico. Nesta quarta-feira ouviram bombardeios próximo
a um vilarejo e deixaram suas casas. Encontrei o chefe do Curdistão e, retornando
a Bagdá, encontrei o presidente do Parlamento e muitos políticos. Estou buscando,
junto a eles, uma ajuda humana, mas também política."
RV: O que as instituições
políticas iraquianas podem fazer e o que o senhor pede ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas?
Dom Louis Sako:- "É triste ver a indiferença do mundo
inteiro diante do que o Oriente Médio está vivendo. São perseguidos porque são cristãos.
São pacíficos. São inocentes. Esse é o grande escândalo. O mundo inteiro deve reagir
para dar fim a estes atos e pedir àqueles que financiam esse povo – o Isis – que suspendam
as ajudas militares e econômicas."
RV: A ONU falou de crime contra a
humanidade e o senhor usou palavras contundentes, chamando o que está acontecendo
de "limpeza étnica"...
Dom Louis Sako:- "As palavras e as condenações
não bastam. Esses militantes não entendem! É preciso fazer pressão sobre os governos
regionais. Estamos muito preocupados também com nosso patrimônio: existem igrejas
antigas em Mosul, do Séc. V ao Séc. X, e essas igrejas são queimadas, destruídas e
estão acabando com tudo. Se uma igreja nova é explodida, podemos construir outra,
mas este patrimônio é histórico e não o é somente para os cristãos e para o Iraque,
mas para o mundo inteiro. Todos devem reagir, não somente ficar olhando."
RV:
Há uma emergência humanitária. Quais são as necessidades dos cristãos que fugiram
de Mosul?
Dom Louis Sako:- "Foram expulsos e não têm nada. Os membros
do Isis entraram nas casas deles e pegaram tudo. Não têm um centavo! Nós, como Igreja,
lhes damos de comer, mas não é suficiente, porque eles têm outras necessidades. Esta
sexta-feira haverá uma passeata em Lyon, na França, como escreveu o Cardeal Barbarin,
e esta passeata, esta proximidade, nos dá força para não perdermos a confiança e também
a esperança, do contrário, o povo abandonará, irá embora, e o país ficará vazio."
(RL)