Cidade do Vaticano (RV) - Cada vez mais dramática
a situação dos cristãos no Iraque, forçados a fugir da violência do Estado islâmico:
um êxodo de três mil pessoas, segundo o UNICEF. Particularmente grave é a situação
em Mosul onde jiihadistas ocuparam igrejas e conventos, queimaram a sede do arcepispado
sírio-católico e imposto aos cristãos ou a proteção ou a conversão. Papa Francisco
continua a sentir a sua proximidade, como confirma o telefonema do último domingo,
ao Patriarca de Antioquia dos sírio-católicos, Ignatius Youssef III Younan, e a audiência
desta terça-feira ao Núncio Apostólico no Iraque e Jordânia, Dom Giorgio Lingua. “Agora
precisamos de solidariedade concreta e corajosa da parte de todos”, afirmam os bispos
iraquianos reunidos em Bagdá. O apelo está contido nas palavras de Dom Amel Shamon
Nona, Arcebispo caldeu de Mossul, entrevistado pela Rádio Vaticano:
R. - Fizemos
um apelo ao mundo explicando o que aconteceu aos cristãos de Mossul: um crime contra
a humanidade. Também pedimos três coisas muito importantes: a proteção para nós e
para todas as outras minorias; de apoiar as famílias que fugiram da cidade de Mossul;
e de encontrar casas e escolas para essas famílias que deixaram tudo.
P. -
Portanto, um apelo à comunidade internacional e à comunidade local ...
R. -
A todos os homens do Iraque e de todo o mundo para encontrar uma saída e, especialmente,
para a cidade de Mossul, onde há um patrimônio de igrejas e manuscritos importantes
para a nossa história, patrimônio de toda a humanidade.
P. – É de algumas horas
atrás a notícia que o Conselho de Segurança da ONU condenou as perseguições. Talvez
isto ajudará?
R. - Com certeza vai nos ajudar, mas precisamos de coisas reais.
Ouvimos tantas declarações, tantos apelos mas o nosso povo precisa de segurança, porque
os cristãos em todo o Iraque têm muito medo.
P. - Temos notícia, peço-lhe para
confirmá-la, de muitos gestos de solidariedade de muçulmanos para com os cristãos,
de acolhida, de manifestações públicas, principalmente em Bagdá. No último domingo,
alguns muçulmanos se apresentaram com a letra "N" em suas roupas, a mesma letra que
tinha sido símbolo por parte dos jihadistas de perseguição ...
R. - Em Bagdá,
havia cerca de 100 pessoas que demonstraram sua solidariedade para com os cristãos.
Houve também outros gestos, na cidade de Mossul; alguns muçulmanos acompanharam os
cristãos para fora da cidade com seus carros. Sim, há gestos de solidariedade, mas
não muitos.
Perguntado sobre o que está acorrendo, e sobre afirmações de alguns
jornalistas que falam de “limpeza étnica”, o prelado disse que “é um termo brutal,
mas real, e é exatamente o que está ocorrendo, uma “limpeza étnica”. (SP)