SIcília: 45 os mortos recolhidos num barco em que viajavam 600 pessoas
Afinal são 45 os mortos encontrados no barco de pesca rebocado para o pequeno porto
de Pozzallo, na Sicília, e não 30 como inicialmente se supunha. Todos homens, adultos,
ao que parece provenientes da República Centro Africana. A polícia italiana está a
indagar o caso. Serão executadas autópsias destes corpos. O barco transportava 600
pessoas, o dobro da sua capacidade. Presume-se que a causa das mortes tenha sido asfixia
ou esmagamento. Encontravam-se uns sobre os outros, como numa fossa comum, num estreito
espaço de 3 metros de largura e três de comprimento. Uma primeira averiguação permitiu
já recolher informações sobre violências suportadas da parte dos líbicos, visando
os homens da África central Em Roma, o Centro Astalli, dos Jesuítas, para os refugiados,
insiste na necessidade de que a Europa intervenha, perante as condições desumanas
em que viajam estas pessoas que fogem a guerras e a perseguições. Não se morre apenas
devido às tempestades e às más condições climáticas, mas também por sobreocupação
de barcos sem condições para navegar, aonde são embarcadas pessoas que aliás tiveram
que pagar uma elevada soma para este transporte. Uma experiência que traumatiza, para
além de todos os sofrimentos já vividos nas terras de origem. O Centro Astalli
reafirma a urgência de criar corredores humanitários seguros para os que pedem asilo
e critica a passividade das instituições de Bruxelas. A operação “Mare nostrum”, lançada
pela Itália no outono do ano passado, não representa senão – segundo os jesuítas –
um primeiro passo, a que outros se deverão seguir. Perante as dimensões destas tragédias
e das situações de penúria, guerras e perseguições que estão na origem do fenómeno,
é importante que se repense a questão de fundo, indo para além dos interesses nacionais,
sob pena de ter que se concluir que a Europa renunciou aos valores que estão na origem
da sua criação. Segundo as autoridades italianas, só desde o princípio deste ano
desembarcaram na Sicília mais de 65 mil migrantes e refugiados, superando já o recorde
de 2011, que totalizara 63 mil pessoas.