Paz e ecumenismo: na Audiência, Papa recorda sua viagem à Terra Santa
Cidade do Vaticano
(RV) – A viagem à Terra Santa foi o tema da Audiência Geral esta quarta-feira,
na Praça S. Pedro.
O Papa Francisco fez uma pausa em suas catequeses sobre
os sete dons do Espírito Santo, para falar da recente peregrinação que ele definiu
como “um grande dom para a Igreja”.
Depois de agradecer a todas as autoridades
eclesiásticas e civis que cooperaram para a realização da visita, de modo especial
aos franciscanos, o Pontífice recordou a motivação principal que o levou à terra de
Jesus: celebrar os 50 anos do encontro entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, rezando
desta vez no Santo Sepulcro com Bartolomeu I.
“Naquele local onde ressoou
o anúncio da Ressurreição, sentimos toda a amargura e o sofrimento das divisões que
ainda existem entre os discípulos de Cristo. A divisão faz mal ao coração. Ainda estamos
divididos? Naquele local onde Jesus nos dá a vida, nós ainda estamos um pouco divididos”,
disse Francisco. Mas sobretudo, naquela celebração repleta de recíproca fraternidade,
estima e afeto, ouvimos forte a voz do Bom Pastor ressuscitado que quer reunir todas
as suas ovelhas em um só rebanho; sentimos o desejo de curar as feridas ainda abertas
e prosseguir com afinco o caminho para a plena comunhão.”
Mais uma vez,
como fizeram os Papas precedentes, eu peço perdão por aquilo que fizemos para favorecer
esta divisão. E peço ao Espírito Santo que nos ajude a curar as feridas que nós fizemos
aos outros irmãos. Todos somos irmãos em Cristo e com o Patriarca Bartolomeu somos
amigos, irmãos, compartilhamos a vontade de caminhar juntos.
O Papa continuou
recordando que outra finalidade desta peregrinação foi encorajar na região o caminho
rumo à paz – encorajamento feito nas três etapas da visita: Jordânia, Palestina e
Israel. “Eu o fiz sempre como peregrino, levando no coração uma grande compaixão pelos
filhos daquela Terra, que há muito tempo convivem com a guerra e têm direito de conhecer
finalmente dias de paz! (...) A paz se faz artesanalmente. Não existem indústrias
de paz. Ela é feita todos os dias, artesanalmente, e também com o coração aberto para
venha o dom de Deus.”
Na Jordânia, Francisco se declarou “impressionado” com
a generosidade da população, que acolhe milhares de refugiados em seu território.
“Que Deus abençoe este povo acolhedor”, disse o Papa, pedindo que a comunidade internacional
ajude o país neste trabalho de acolhimento.
Ainda sobre o tema da paz, o Pontífice
recordou o convite feito aos Presidentes de Israel e da Palestina, “homens de paz
e artífices da paz”, a virem ao Vaticano para rezarem pela paz.
Por favor,
peço a vocês que não nos deixem só. Rezem muito para que o Senhor nos dê a paz naquela
terra abençoada. Conto com a oração de vocês, forte, rezem muito para que reine a
paz.
Por fim, Francisco afirmou que sua viagem foi também a ocasião para
confirmar na fé as comunidades cristãs que tanto sofrem, e expressar a gratidão de
toda a Igreja pela presença deles naquela região e em todo o Oriente Médio.
Com
esta visita, quis levar uma palavra de esperança; mas também eu a recebi; recebi-a
de irmãos e irmãs que continuam a «esperar contra toda a esperança», por meio de tantos
sofrimentos, como os que fugiram de próprio país por causa de conflitos, ou que discriminados
e desprezados por causa da sua fé em Cristo. Rezemos por eles e pela paz na Terra
Santa e em todo o Oriente Médio. A oração de toda a Igreja ampare também o caminho
rumo à plena unidade entre os cristãos, para que o mundo creia no amor de Deus que
em Jesus Cristo veio habitar entre nós.
Com a multidão, o Papa rezou um
Ave-Maria para pedir a intercessão de Nossa Senhora, “rainha da paz, da unidade, mãe
de todos os cristãos, para que dê a paz a todo o mundo e que Ela nos acompanhe neste
caminho da unidade”.
Na Praça S. Pedro, havia mais de 50 mil pessoas. Entre
elas, inúmeros brasileiros que assim foram saudados pelo Papa Francisco:
De
coração saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção particular
dos grupos da Academia Paulista de Magistrados e do Instituto
São Boaventura bem como os fiéis de Brasília, Campinas e Rolândia, encorajando-vos
a ser por todo o lado testemunhas de esperança e caridade. E, se alguma vez a vida
fizer desencadear turbulências espirituais na vossa alma, ide procurar refúgio sob
o manto da Santa Mãe de Deus; somente lá encontrareis paz. Sobre vós, vossas famílias
e paróquias desça a Bênção do Senhor!
Nossa colega Jacqueline Oliveira
estava na Praça e entrevistou alguns peregrinos: (BF)