O Papa reza diante do Muro das Lamentações e deposita um bilhete com a oração do Pai-Nosso
Jerusalém (RV) - O segundo momento das atividades do Papa, na manhã desta segunda-feira,
foi a sua visita ao Muro Ocidental, conhecido como Muro das Lamentações, resto ainda
existente das ruínas do antigo Templo de Jerusalém, construído por Salomão e reedificado
por Herodes. Hoje, este é um lugar central de culto do judaísmo.
Ali, como
fazem todos os fiéis que se aproximam do Muro, o Bispo de Roma também depositou seu
bilhete, escrito de próprio punho, com a oração do Pai-Nosso, em espanhol, como lhe
foi ensinado por sua mãe. Depois, apoiando a mão direita no Muro das Lamentações,
o Papa se deteve em oração, por alguns momentos. A seguir, assinou o Livro de Honra,
deixando a seguinte mensagem: “Com sentimentos de alegria, para com meus irmãos mais
velhos, vim aqui para pedir ao Senhor o dom da paz”.
Depois, o Pontífice visitou
o Mausoléu de Theodor Herzl, fundador do Movimento Sionista, em 1897. Ali, no cemitério
nacional de Israel, depositou uma coroa de flores, um gesto que, segundo a tradição,
é feito durante as visitas oficiais.
A seguir, o Bispo de Roma visitou o vizinho
Memorial de Yad Vashem, o Monumento do Holocausto, que contém algumas urnas, com cinzas
de vítimas de vários campos de extermínio. Tendo depositado também ali uma coroa de
flores, na presença de alguns sobreviventes da perseguição nazista, o Papa fez um
breve pronunciamento.
Neste lugar, memorial da Shoah, disse o Papa, ouvimos
ressoar a pergunta de Deus: «Adão, onde você está?». Nesta pergunta, notamos a dor
de um pai que perde o filho. O pai conhecia o risco da liberdade; sabia que o filho
podia ter-se perdido, mas, talvez, nem mesmo o pai podia imaginar tal queda, tal abismo!
Aquele
grito «onde você está?» ressoa aqui, disse o Pontífice, diante deste memorial da tragédia
incomensurável do Holocausto, como uma voz que se perde em um abismo sem fim: “Homem,
quem é você? Não o reconheço mais. O que você fez? De quais horrores você foi capaz?
Por que você caiu tão embaixo?
Este abismo não pode ser somente obra das suas
mãos, do seu coração... E, referindo-se ainda ao homem, o Papa perguntou: “Quem o
corrompeu? Quem o desfigurou? Você torturou e assassinou seus irmãos! Por isso, hoje,
voltamos a ouvir a voz de Deus: «Adão, onde você está?»
Dito isso, o Santo
Padre invocou o perdão de Deus: “Tende piedade de nós, Senhor! Escutai a nossa oração
e a nossa súplica. Salvai-nos pela vossa misericórdia. Salvai-nos desta monstruosidade!
Pecamos contra vós!”. E concluiu:
“Lembrai-vos de nós na vossa misericórdia.
Dai-nos a graça de nos envergonharmos daquilo que, como homens, fomos capazes de cometer;
de nos envergonharmos desta máxima idolatria; de termos desprezado e destruído a nossa
carne, aquela que vós formastes e vivificastes com o vosso sopro de vida. Nunca mais,
Senhor! Nunca mais!
Depois da visita ao Memorial do Holocausto, o Bispo
de Roma visitou o “Centro Hechal Shlomo”, sede do Grão-Rabinado de Israel, situado
ao lado da Grande Sinagoga de Jerusalém. (MT)