Cenáculo, última etapa da peregrinação de Francisco: "quanto amor, quanto bem, quanta
caridade dali jorrou!"
Jerusalém (RV)
– No Cenáculo, em Jerusalém, o Papa Francisco cumpriu a última etapa desta sua primeira
peregrinação à Terra Santa, com a celebração da Santa Missa com os Ordinários da Terra
Santa e o Séquito papal. Justamente ali, onde Jesus fez a Última Ceia com os Apóstolos,
onde ressurreto apareceu em meio a eles, onde o Espírito desceu sobre Maria e os Apóstolos;
ali, onde nasceu a Igreja. A celebração não foi aberta ao público devido às reduzidas
dimensões do local.
O Santo Padre foi saudado pelo Custódio da Terra Santa,
Padre Pierbattista Pizzaballa que recordou “que a abertura à evangelização missionária
de São Francisco tomou asas a partir da Terra da nossa redenção e a Igreja confirmou
a nossa missão de custódios dos Lugares Santos”, acrescentando que aquele, é “um dos
locais mais feridos de toda Terra Santa, e que estas feridas” – afirmou – queremos
que “tenham uma ligação misteriosa e real com os estigmas da Paixão com as quais o
Ressuscitado apareceu aos seus”.
Em sua homilia, Francisco traçou um “horizonte
do Cenáculo, o horizonte do Ressuscitado e da Igreja”, ali onde ela nasceu, onde ela
“partiu, com o Pão repartido nas mãos, as chagas de Jesus nos olhos e o Espírito de
amor no coração”.
“Sair, partir, não quer dizer esquecer. A Igreja em saída
guarda a memória daquilo que aconteceu ali”, disse Francisco, recordando que do Cenáculo
“partiu a Igreja em saída, animada pelo sopro vital do Espírito”.
“O Cenáculo
recorda-nos o serviço, o lava-pés que Jesus realizou como exemplo a seus discípulos”,
recordou o Papa. “Lavar os pés uns aos outros significa acolher-se, aceitar-se, amar-se,
servir-se reciprocamente. Quer dizer servir o pobre, o doente, o marginalizado”. O
Cenáculo, observou ainda, também nos recorda a “Eucaristia, o sacrifício”, e na celebração
eucarística, “oferecemos a Deus toda a nossa vida, o nosso trabalho, as nossas alegrias
e penas”.
O Cenáculo também nos recorda a amizade. “O Senhor faz de nós seus
amigos, confia-nos a vontade do Pai e se dá a nós. Esta é a experiência mais bela
do cristão e, de modo particular, do sacerdote: tornar-se amigo do Senhor Jesus”,
disse o Papa, acrescentando que o Cenáculo também nos recorda a despedida do Mestre
e a promessa de se reencontrar com seus amigos: “Jesus não nos deixa, nunca nos abandona,
vai à nossa frente na Casa do Pai; e para lá, nos quer levar consigo”.
Francisco
disse que o Cenáculo também recorda a mesquinhez, a curiosidade, a traição:
“E
reproduzir na vida estas atitudes não acontece somente com os outros, mas pode acontecer
a cada um de nós, quando olhamos com desdém o irmão e o julgamos; quando, com os nosso
pecados, atraiçoamos Jesus”.
Mas o Cenáculo recorda-nos também a partilha,
a fraternidade, a harmonia e a paz entre nós:
“Quanto amor, quanto bem jorrou
do Cenáculo! Quanta caridade saiu daqui como um rio da sua fonte, que, ao princípio,
é um ribeiro e depois se alarga e se torna grande...Todos os santos beberam daqui;
o grande rio da santidade da Igreja, sempre sem cessar, tem origem daqui, do Coração
de Cristo, da Eucaristia, do seu Santo Espírito”.
O Cenáculo, por fim,
“recorda-nos o nascimento de uma nova família, a Igreja, constituída por Jesus ressuscitado
e que tem uma Mãe, a Virgem Maria:
“As famílias cristãs pertencem a esta
grande família e, nela, encontram luz e força para caminhar e se renovar no meio das
fadigas e provações da vida. Para esta grande família estão convidados e chamados
todos os filhos de Deus de cada povo e língua, todos os irmãos e filhos do único Pai
que está nos céus”.
E O Papa concluiu: “Desça o vosso Espírito, Senhor,
e renove a face da terra”. (JE)