Card. Tauran na Jordânia: religiões promovam "pedagogia da paz"
Amã
(RV) - Trabalhar pela promoção de uma "pedagogia da paz": foi a exortação que
o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis
Tauran, dirigiu aos líderes religiosos.
O purpurado encontra-se desde esta
segunda-feira na Jordânia, onde, na "Petra University" de Amã, participou de um seminário
sobre o tema "religião e violência", voltado para a promoção do diálogo inter-religioso.
O
seminário foi organizado pela Embaixada da Itália em Amã, pela Royal Institute
for Interfaith Studies e pela delegação da União Europeia na Jordânia, em vista
da visita do Papa ao país, no contexto da viagem apostólica de Francisco à Terra Santa,
a realizar-se de 24 a 26 do corrente.
O seminário é subdividido em suas sessões:
uma histórica e uma religiosa, e o Cardeal Tauran pronunciou-se nesta última, com
uma reflexão intitulada "Religiões, sociedade e violência. Um olhar sobre causas e
resultados. O papel dos líderes religiosos em favor da paz e da coesão social".
Em
primeiro lugar, expressando "solidariedade e compaixão" pelo povo da vizinha Síria,
"vítima não somente de violência armada, mas também de todo tipo de violação dos direitos
fundamentais", o purpurado ressaltou "o importante papel desempenhado pelas religiões
ao exortar as populações à paz" em nome da dignidade de cada um e da solidariedade.
Portanto,
acrescentou, o compromisso comum em favor "da prevenção e da supressão da violência"
é essencial, porque "a violência não é coragem, mas a explosão de uma fúria cega que
degrada a pessoa" e que "é ainda mais perversa quando se dá em nome de Deus".
O
que os líderes religiosos podem fazer em tal contexto? Em primeiro lugar, explicou
o presidente do dicastério vaticano, é necessária a clareza:
"Nenhuma situação
pode justificar o terrorismo" e é por isso que é preciso dedicar-se à "promoção de
uma pedagogia da paz", ou seja, fazer a diplomacia e a política trabalharem, bem como
fomentar a "busca da verdade e dos elementos comuns que pertencem à pessoa humana",
"ensinar que pluralismo não é sinônimo de violência, mas pode ser fonte de enriquecimento
recíproco", abrir o caminho para "a purificação da memória através do perdão e da
reconciliação" e recordar que "é melhor ter uma paz difícil do que uma guerra vitoriosa".
Em
relação à Igreja Católica, continuou o Cardeal Tauran, ela se aterá aos princípios
das Bem-aventuranças, porque "é específico do cristão, em virtude de sua fé, ser submetido
à violência e não aplicá-la ou provocá-la".
Aliás, acrescentou, "o cristão
é chamado a superar todas as formas de violência e a ser testemunha de gentileza,
generosidade e paz".
Certamente, evidenciou ainda o presidente do dicastério
vaticano, "nem todas as religiões adotam a mesma posição em relação a questões como
a guerra justa, a legítima defesa, a jihad, mas em geral todas elas são concordes
em afirmar que a paz é um valor a ser respeitado e promovido" e que "a violência jamais
é a resposta adequada às ofensas ou às injustiças" recebidas.
"Amizade e respeito
por divergências e convergências são os únicos instrumentos para evitar destruição
e morte", os únicos que "podem contribuir para a consolidação da justiça e da solidariedade
no mundo", concluiu o Cardeal Tauran. (RL)