Cidade do Vaticano
(RV) – Nesses dias em que continua a ressoar na Igreja o anúncio da ressurreição,
propomos uma reflexão sobre Cristo como Homem Novo.
Todos aqueles que encontram
Jesus, ficam impressionados: Nele, há algo de inesperado. Quem tem um coração aberto,
vê em Jesus um homem extraordinário; e mesmo os incrédulos não ficam indiferentes
a Ele.
Toda a vida de Jesus o revela como o homem novo, rico da força do Espírito:
a sua atenção especial ao sofrimento humano, a pobreza da sua vida, o seu amor pelos
pobres, pelos doentes e os pecadores; a sua luta contra a falsidade.
A verdadeira
novidade de Jesus resplandece na sua ressurreição. Aos olhos comovidos dos discípulos,
Jesus ressuscitado aparece como o homem novo, que não pode ser derrotado nem mesmo
pela morte e pelo ódio dos homens.
Jesus ressuscitado doa o seu Espírito aos
discípulos, abre o coração à fé, à esperança e à caridade, para que vivam como criaturas
novas.
Assim afirmava o Apóstolo Paulo. “Vós vos desvestistes do homem velho
com as suas práticas e vos revestistes do novo, que se renova para o conhecimento
segundo a imagem do seu Criador. Cristo é tudo em todos.”
Como seguidores de
Cristo, devemos agir como Ele, e nos revestir de sentimentos de compaixão, de bondade,
humildade, mansidão, caridade, perdoando-nos uns aos outros.
Na Gaudium
et Spes, lemos que na mesma revelação do mistério do Pai e do seu amor, Cristo
manifesta plenamente o homem ao próprio homem, fazendo-lhe descobrir a sua mais sublime
vocação.
Ao seguirmos Jesus, fazemos a escolha de viver como Filho de Deus,
ou seja, no amor; o homem que, diante do mal do mundo, escolhe o caminho da humildade
e da responsabilidade, não prefere salvar-se a si mesmo, mas oferecer a própria vida
pela verdade e pela justiça. “Ser cristão significa viver assim, mas este gênero de
vida comporta um renascimento: renascer do alto, de Deus, da Graça”, já dizia Bento
XVI.
Falamos de Jesus Cristo como Homem Novo porque Ele é o ponto de partida
para a nova humanidade. Ele nos inspira para atuar em nós aquela "conversão" de mentalidade
e de atitudes em nosso cotidiano – e com esta conversão, que seu reflexo possa iluminar
e reformar as estruturas econômicas, sociais e políticas, ao serviço de uma mais justa
e pacífica convivência, como nos pede com insistência o Papa Francisco em sua Exortação
Apostólica Evangelii Gaudium.
Na Semana em que aguardamos a canonização
de dois papas e a missa de ação de graças por Anchieta, temos aí três exemplos de
“homens novos”.
João XXIII, a quem devemos a atualização da Igreja que ainda
estamos realizando. João Paulo II, que levou avante seu ideal de humanidade, não obstante
a fragilidade de sua saúde. E S. José de Anchieta, que soube transmitir o Evangelho
sem se apegar a estruturas, mas somente a Jesus Cristo.
Novo não é o que não
envelhece, mas o que é sempre atual. E por isso a Igreja sempre diz: Vinde, Espírito
Santo, e renovai todas as coisas.