2014-04-22 14:59:26

A santidade de João XXIII e João Paulo II pelas lentes de um fotógrafo


Cidade do Vaticano (RV) - Contar a santidade por meio de fotografias. Foi o que pode fazer Arturo Mari, que por mais de 50 anos esteve a serviço dos Pontífices como fotógrafo do L'Osservatore Romano. Muito ligado a João Paulo II, Arturo tem recordações especiais também de João XXIII a quem pode acompanhar desde o início de seu pontificado. A Rádio Vaticano entrevistou-o, por ocasião da canonização dos Papas Wojtyla e Roncalli no dia 27 de abril.

R: "Para mim, é um acontecimento tão bonito, que o Santo Padre João Paulo II e João XXIII estejam na glória dos altares ... sou feliz e orgulhoso também, pelo privilégio de ter estado próximo a estes dois grandes homens, por isto a felicidade é tamanha. Tive a sorte de viver ao lado de dois santos vivos!".

RV: Quais são as suas recordações mais bonitas de João XXIII?

R: "A sua simplicidade, o seu sorriso, o seu carinho quando trabalhava....é necessário ter presente os tempos de então, com o protocolo daquela época.... Com João XXIII as portas do Vaticano se abrem, a Igreja se abre, ele começa a andar no meio das pessoas.... Tu trabalhas ao lado de um homem santo que de pouco em pouco se vira, se lembra de ti e te pergunta: 'Como estás?'... esta é a satisfação maior que eu tive".

RV: Você viveu ao lado de João Paulo II em cada dia de seu pontificado. Existe um momento no qual começaste a pensar que não estavas somente ao lado de um grande Papa, mas, de um grande santo?

R: "Eu conheci Wojtyla no tempo do Concílio Ecumênico Vaticano II e alí saltava aos olhos imediatamente aquele bispo fora de série. Apenas João Paulo II iniciou o seu pontificado, me veio um sentimento que me fez acreditar na sua santidade, que posteriormente pude tocar com as mãos. O seu programa previa a valorização de valores aos quais nunca se teria pensado que poderiam ser aplicados. E se tornaram realidade! Existiram problemas enormes, que se resolveram..... estes pequenos milagres! Milhares de pessoas que encontraram a liberdade, a paz... Além de coisas especificamente pessoais, vistas na sua capela e em outros lugares, onde para algumas pessoas disse: "Levanta-te e ande!", e, num certo sentido, isto aconteceu...".

RV: Quando João Paulo II rezava, todos, de perto ou de longe, tinham a impressão que o tempo parava...

R: "Quando ele estava sozinho, em oração, assistir, vê-lo.... e eu, às vezes, escondido - coisa que eu não deveria fazer, mas fiz -, por detrás do altar, via aquele vulto que não era ele: aquele olhar, não era ele: era algo fora do normal! E depois, quando iria encontrar os poderosos do mundo, ele se retirava em oração, joelhos por terra, com a cabeça no genuflexório, e começava um diálogo com Nosso Senhor...".

RV: Você também tinha um ponto privilegiado em olhar as pessoas que encontravam João Paulo II. O que lhe tocava, talvez também olhando as fotografias, das expressões destas pessoas?

R: "Era bonito, ver os seus olhos! Um dia o Santo Padre me disse: 'Arturo, veja, quando tu tens um amigo, uma pessoa que amas, na qual tens confiança, quando falas a ela, olhe-a sempre nos olhos. É a parte da pessoa que nunca pode trair. Alí poderás ver a verdade!'. A assim era. E esta foi uma lição que aprendi logo e também me ajudou tanto no trabalho, pois frequentemente com ele se conseguia falar com os olhos, com o olhar. As pessoas que o encontraram sabiam quem estavam olhando, especialmente os jovens: ver aqueles olhos luminosos, esperando uma palavra dele, esperando alguma coisa, a felicidade de tocar uma pessoas que amavam...isto era belíssimo!".

RV: Você tirou inúmeras fotografias de João Paulo II. Qual delas que melhor representa a santidade de João Paulo II?

R: "A fotografia que fiz na última Sexta-feira Santa, na capela do Santo Padre, quando não pode participar da Via Sacra no Coliseu. Na 14ª Estação, o Santo Padre pediu a cruz ao seu Secretário Stanislaw Dziwisz: não me surpreendeu, pois eu conhecia muito bem aquele homem! Pega a cruz, a apóia na sua cabeça, beija o Cristo e a apóia no seu coração. Para mim estes são 27 anos - uma vida - dedicada à Igreja, uma vida dedicada ao mistério da Cruz. A esta Cruz ele, em cada momento, se apoiou para pedir ajuda; com esta Cruz ele girou o mundo, buscando força nela, com aquele beijo com a fidelidade a Deus, à Igreja, à sua missão. As unhas de seus dedos estavam vermelhas pela força com que segurava aquela Cruz; e com aquelas mãos ele escreveu Encíclicas, abençoou milhões de pessoas, fez carinho em crianças, doentes, enfermos, deu apoio a qualquer um que pudesse ajudar... Quantas cartas escreveu, quantas coisas fez por nós, com aquelas mãos!". (JE)











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