O Cardeal Sandri sobre a Coleta para a Terra Santa
Cidade do Vaticano (RV) - A paz é a primeira emergência para o Oriente e para
o mundo. Não obstante o gravoso tributo pago pelos cristãos, também nestes últimos
anos como testemunha a Síria, «a vocação daquela Terra – diz o Cardeal Leonardo Sandri,
Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais – consiste em ser o fulcro do encontro
e da paz, entre Deus e a humanidade, e entre nós além de qualquer diferença e contradição
da história». Uma característica que o Papa Francisco realçará durante a sua próxima
visita, afirma o purpurado, que explica o significado da coleta para a Terra Santa
que se recolhe na Sexta-feira Santa em todas as Igrejas.
P: Qual é o
significado desta habitual iniciativa?
R: “A coleta para os lugares
santos é uma das mais significativas expressões da solicitude do Papa em prol da Igreja
em Jerusalém e em toda a Terra Santa. É o sentido da partilha entre as Igrejas dos
bens espirituais e materiais. Porém, quando se fala da Terra Santa pensa-se sobretudo
num intercâmbio: trocam-se a oração recíproca e o patrimônio da memória para apoiar
a missão comum”.
P: Por que precisamente na Sexta-feira Santa?
R:
“Porque é o dia do silêncio de Jesus. É o dia que faz memória da totalidade do
dom. O dia em que se proclama que «tudo está consumado». E se tudo está consumado,
só o amor pode falar na sua plenitude. Este ano, nunca como antes me apareceram cheios
de amor os instantes de silêncio que na praça de São Pedro no Domingo dos Ramos confirmaram
o momento da morte na proclamação da paixão de Jesus. Naquele instante pensei no padre
Frans van der Lugt, o jesuíta holandês assassinado há poucos dias em Homs na Síria;
e nas inúmeras e, infelizmente esquecidas, vítimas inocentes que continuam a irrigar
com o seu sangue o anúncio da paz que vem de Deus. Pensava na alegria das religiosas
ortodoxas da cidade síria de Maalula há pouco tempo libertadas. Mas sentia angústia
no coração pelo bispo sírio-ortodoxo Youhanna Ibrahim, que conheço pessoalmente, e
pelo metropolitano greco-ortodoxo Boulos Yazigi, sequestrados quando tentavam libertar
dois sacerdotes, Maher Mahfouz, greco-ortodoxo, e Michael Kayyal, de 27 anos, arménio-católico
e nosso ex-estudante no Pontifício colégio arménio. Oremos sempre por eles e pelo
padre Paolo Dall'Oglio, o jesuíta romano sobre o qual não temos notícias. Não queremos
resignar-nos considerando-os perdidos!”
P: O que se faz concretamente
pelas populações martirizadas pela guerra e pela violência?
R: “As
iniciativas em favor da Síria são realmente numerosas e provêm de toda a Igreja, assim
como do mundo leigo. Grupos de voluntários procuram fazer muito numa situação muitas
vezes impossível de gerir e que impede até os socorros primários. A Congregação para
as Igrejas orientais está em estreita colaboração com a nunciatura apostólica em Damasco
para garantir, por ocasião desta Páscoa, a proximidade dos católicos do mundo inteiro”.