2014-04-15 15:43:57

Mensagem de Páscoa 2014 do Bispo de São Tomé e Príncipe


Vivemos num mundo “desanimado”, onde se perderam esperança e sonhos. Criámos um mundo de necessidades, onde somos “obrigados” a ser felizes! Não ser feliz com aquilo que o mundo nos dá é uma frustração. Para que isso não aconteça, apresentam-nos produtos de todo o tipo: livros de auto-ajuda, receitas mágicas, psicólogos, curandeiros, astrólogos, sacerdotes e sacerdotisas que anunciam todo o tipo de religiões de prosperidade e felicidade garantida, carros e casas de sonho, marcas convidativas… e esquecemo-nos de cultivar os nossos jardins de afectos, de relações amigas, de uma fé confiada e solidária.

Estamos a celebrar a Páscoa. E quando falamos da Páscoa, recordamos Jesus, um homem que viveu uma vida plenamente feliz, embora tenha morrido na cruz.

De facto, a Páscoa fala-nos, em primeiro lugar, de cruz. Há sempre uma cruz erguida nas paisagens pascais. Essa cruz fala-nos de amor; fala-nos do Filho de Deus amando-nos até ao fim e que hoje continua na cruz, braços abertos, coração aberto, grito de perdão, palavra de paz.

Páscoa fala-nos também de ressurreição. Nas paisagens da Páscoa, para além da cruz, há um sepulcro vazio que nos fala de vida. “Ele não está aqui, ressuscitou!” (Mt 28,6). E o amor venceu! A cruz tornou-se afirmação da vitória do amor.

Páscoa fala-nos, pois, de uma felicidade que Deus nos oferece construída nos caminhos do amor, nos caminhos do perdão, na atenção ao outro, no sairmos de nós para vivermos felizes no sorriso do irmão a quem curamos feridas; nos olhos agradecidos daquele a quem estendemos as mãos; numa vida dada, entregue, na consciência de sermos um dom de Deus para servir.

Páscoa fala-nos de cruz, de abandono, de dor. Mas diz-nos que, quando caminhamos fazendo de Deus e dos irmãos o centro da nossa existência, a cruz transforma-se em caminho de vida. Do cego de Jericó, Jesus dizia que ele nascera cego para que nele se manifestasse a glória de Deus (cf Jo 9,3). Todos nós conhecemos pessoas com deficiência que têm um papel muito activo na sociedade. Conhecemos pessoas que, embora pobres, com dificuldades na vida, exprimem uma felicidade profunda. Quando damos um sentido à nossa vida, mesmo que a cruz seja pesada, sempre teremos razões para sorrir, para saborear a vida, para sermos felizes. Mesmo com as nossas deficiências, as nossas limitações, todos nascemos para que em nós se manifestem as obras de Deus.

Páscoa fala-nos de vida nova, de Jesus Cristo que, por amor, morreu para dar Vida. E a sua ressurreição é a afirmação de que vale a pena viver no amor, mesmo que esse nos leve à cruz. Jesus dizia aos seus discípulos que quem com Ele morresse, com Ele encontraria a Vida (cf Mt 16,25). Com Cristo temos de fazer do amor a Deus e aos irmãos a meta da nossa existência. Optar pelo amor é optar pela cruz porque amar nunca é fácil, mas é o único caminho que conduz à vida, a uma vida plena.

Amar é o único caminho que nos poderá conduzir à felicidade que todos procuramos. Não nos preocupemos se temos muitos amigos, se somos admirados; em acordar de manhã sem problemas, sem dificuldades. Preocupemo-nos sim, em ser amigos; em libertar o nosso coração da ambição desmedida; em aprender com Cristo a dar a vida. E seremos felizes!

Uma Páscoa feliz para todos!

+ Manuel Santos CMF
Bispo








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