Francisco: sacerdócio não é profissão. Na Igreja, não há lugar para a mediocridade
Cidade
do Vaticano (RV) – Os seminaristas não estão se preparando para uma profissão,
para se tornarem funcionários de uma empresa ou de um organismo burocrático: palavras
do Papa Francisco à comunidade do Pontifício Colégio Leonino de Anagni, recebida esta
manhã no Vaticano.
Os seminaristas vieram a pé para a audiência com o Pontífice,
percorrendo 72 km. “Vocês são corajosos”, disse-lhes o Papa. “Esta peregrinação é
um símbolo muito belo de seu caminho de formação, a ser percorrido com entusiasmo
e perseverança, no amor de Cristo e na comunhão fraterna.”
O Pontífice recordou
a missão de todo Seminário, que é propor aos candidatos ao sacerdócio uma experiência
capaz de transformar seus projetos vocacionais em fecunda realidade apostólica:
Vocês,
queridos seminaristas, não estão se preparando para uma profissão, para se tornarem
funcionários de uma empresa ou de um organismo burocrático. E existem muitos assim,
e isso não faz bem à Igreja. Estejam atentos a não cair nisso! Vocês estão se tornando
pastores à imagem de Jesus Bom Pastor.
Tornar-se “bons pastores” à imagem
de Jesus é algo muito grande e nós somos muito pequenos, disse o Papa. “Sim, é verdade,
é muito grande, mas não é obra nossa! É obra do Espírito Santo, com a nossa colaboração.
Trata-se de oferecer humildemente a si mesmos, como barro a plasmar, para que o artesão,
que é Deus, trabalhe com água e fogo, com a Palavra e o Espírito. É o que diz S. Paulo:
«Não sou quem vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gal 2,20). Somente assim
se pode ser diáconos e presbíteros na Igreja, somente assim se pode pascentar o povo
de Deus e guia-lo não sobre nossos caminhos, mas no caminho de Jesus, ou melhor, no
Caminho que é Jesus.
Isso significa meditar diariamente o Evangelho,
significa experimentar a misericórdia de Deus no sacramento da Reconciliação; significa
ser homens de oração.
Eu o digo de coração, sem ofender: se não estiverem
dispostos a seguir este caminho, com essas atitudes e essas experiências, é melhor
que tenham a coragem de buscar outro caminho. Existem muitos modos na Igreja de dar
testemunho cristão. Muitos caminhos que nos levam inclusive à santidade. Na sequela
ministerial de Jesus Cristo, não há lugar para a mediocridade, que conduz sempre a
usar o santo povo de Deus em benefício próprio. Ai dos Pastores que apascentam a si
mesmos e não o rebanho! – exclamavam os Profetas (cfr Ez 34,1-6).
O seminário, digamos a verdade, não é um refúgio para as muitas limitações que podemos
ter, carências psicológicas, falta de coragem para prosseguir na vida. Se fosse isso,
o seminário seria uma hipoteca para a Igreja. Que este “ai!” os faça refletir seriamente
sobre o seu futuro. Pio X dizia que era melhor perder uma vocação que arriscar num
candidato não seguro.
O Pontifício Colégio Leonino de Anagni foi criado
pelo Papa Leão XIII em 1897. Atualmente, recebe os seminaristas da região sul do Lácio
e das Dioceses Suburbicárias, sob a direção do clero diocesano. (BF)