2014-04-10 09:48:55

P. José de Anchieta – a história e a vida do Apóstolo do Brasil, há pouco canonizado pelo Papa Francisco


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Na rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” de hoje abordaremos uma importante decisão do Papa Francisco, a de canonizar o Padre José de Anchieta, missionário jesuíta considerado como o Apóstolo do Brasil. A decisão era há muito ansiada pela Igreja do Brasil e provocou grande entusiasmo aos fiéis reunidos no Santuário Nacional de Anchieta, que aguardavam a notícia da canonização. Nesta rubrica ouviremos um breve comentário do Padre César Augusto dos Santos, Vice-Postulador da Causa de Canonização.

Uma salva de palmas e o repicar dos sinos acompanharam a leitura da mensagem do Pontífice, que foi assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin. No texto da mensagem enviada, o Papa Francisco recorda as “incontáveis peripécias, dificuldades e perigos” que o missionário jesuíta enfrentou, revelando que o seu segredo era a fé, “alicerçada no Senhor Jesus Cristo com quem se encontrava e a quem se unia na Eucaristia”. O Santo Padre “encoraja todos os seus devotos a tornarem-se discípulos-missionários de Jesus, implorando pela intercessão de São José de Anchieta”.
Humildade, testemunho de uma fé inabalável em Deus, esperança e caridade: são estas as virtudes que fizeram de Anchieta um santo. Nascido na Ilha de Tenerife, no arquipélago das Canárias, em Espanha, P. José de Anchieta chegou ao Brasil muito novo. Tinha apenas 19 anos em julho de 1553, e tinha entrado para a Companhia de Jesus apenas dois anos antes.
José de Anchieta, "de estatura média, magro, mas forte e decidido no espírito, bronzeado na cor da pele, de olhos azuis, fronte larga, alegre e amável de caráter”, passou 44 anos da sua vida percorrendo boa parte do território do Brasil, levando a boa notícia do Evangelho aos indígenas.
Terceiro dos dez filhos da família de López de Anchieta e Diaz de Clavijo, José de Anchieta nasceu em Tenerife (Espanha) em 1534. Parente na linha paterna da família dos Loyola, nas suas veias corria, herdado dos avós paternos, o sangue dos judeus convertidos. Logo foi convidado a estudar na Universidade de Coimbra em Portugal no triénio de ouro do recém fundado Colégio das Artes. A sua vocação à vida religiosa nasceu num clima de ideias e de liberdades morais que não a favoreciam. Mas talvez tenha sido estimulado pelo exemplo de alguns companheiros jesuítas, que eram influentes na universidade. De facto, as cartas de S. Francisco Xavier mexiam com a juventude universitária de toda a Europa.
Admitido ao noviciado pela Companhia de Jesus a 1° de maio de 1551 na Província de Portugal, contraiu uma grave forma de tuberculose ósseo-articular que, aos 17 anos de idade, provocou nele uma curvatura na coluna. A sua preocupação em ser considerado inútil para o apostolado foi muito aliviada pelas palavras consoladoras do P. Simon Rodrigues, fundador da Província de Portugal: “Não se preocupe com esta deformação, Deus quer que seja assim”. No ar pairava esperança: começavam a chegar do Brasil as cartas do P. Manoel da Nóbrega, que exaltavam a salubridade do clima daquelas terras para qualquer tipo de doença. E para aquelas terras Anchieta partiu a 8 de março de 1553, com a terceira expedição de jesuítas que embarcavam com destino ao Brasil.
O jovem e doente jesuíta tinha já professado os seus votos de pobreza, castidade e obediência perpétuas e naquelas terras, tomava consciência de que era finalmente um missionário. Em menos de um ano, dominava o dialeto tupi na perfeição. Tendo assimilado perfeitamente as tradições e valores locais, ensinava os preceitos cristãos utilizando celebrações musicadas ao ritmo de tambores ao ar livre. Educava e catequizava; defendia os indígenas dos abusos dos colonizadores portugueses. A pé ou de barco, Anchieta viajou pelo País inaugurando missões e dando aulas de catequese, gramática e conhecimentos gerais aos índios, colonos e padres. Das mãos de P. Manoel da Nóbrega, o jovem Anchieta, poucos meses depois da chegada, recebeu a incumbência de fundar um colégio no planalto, com o objetivo de expandir a missão no interior da selva. No dia 25 de janeiro de 1554, festa litúrgica da conversão do apóstolo São Paulo, os jesuítas celebraram pela primeira vez a Eucaristia no chamado Planalto de Piratininga. O novo colégio foi dedicado ao Apóstolo dos Gentios. E São Paulo tornou-se uma das maiores cidades do mundo.
Os 44 anos em que Anchieta viveu no Brasil foram repletos de dificuldades. Começando pela enfermidade a sua missão teve inúmeros riscos de morte. Em maio de 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. O jovem missionário ofereceu-se como refém enquanto o seu superior, P. Manoel da Nóbrega, partiu para São Vicente, para negociar um utópico, mas alcançado tratado de paz. Naquele lugar, o apóstolo, aos 29 anos de idade, experimentou um dos momentos mais difíceis da sua existência. Durante o seu cativeiro recebia frequentes ameaças de morte.
Em 1569, fundou a povoação de Reritiba (atual Anchieta). De 1570 a 1573, dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro. Em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos, sendo substituído em 1587, a seu pedido. Faleceu a 9 de junho 1597. Aos 63 anos de idade, terminava a travessia por este mundo do incansável missionário José de Anchieta.
José de Anchieta, exemplo de amor à humanidade: assim o define o Vice-Postulador da causa de canonização, o P. Cesar Augusto dos Santos, que é também o responsável pelo Programa Brasileiro da Rádio Vaticano. Em entrevista a Silvonei José o P. César explicou a decisão do Papa Francisco de canonizar Anchieta utilizando a fórmula da equipolência.
O P. César falou ainda da celebração de ação de graças que o Santo Padre presidirá no próximo dia 24, na igreja de Santo Inácio, no centro de Roma. (RS)








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