Francisco aos Salesianos: "Essencial falar aos jovens com o coração"
Cidade do Vaticano
(RV) – Na manhã desta segunda-feira, 31, o Papa recebeu na Sala Clementina, no
Vaticano, cerca de 250 participantes do Capítulo Geral da Sociedade Salesiana de São
João Bosco.
Os salesianos elegeram há poucos dias o seu novo Conselho Geral,
que deverá orientar, acompanhar e apoiar a Congregação em seu caminho nos próximos
anos. Com o seu novo Reitor-mor, Angel Fernàndez Artime, o grupo ouviu o Papa, que
abriu seu discurso citando o lema de Dom Bosco, “Dai-me almas e ficai com o resto”.
O Papa lembrou que o fundador reforçou este programa com dois elementos: trabalho
e temperança. Trabalho exclusivamente para chegar a Deus, e temperança para se contentar,
para ser simples. “A pobreza de Dom Bosco e de Mãe Margarida inspire todos os salesianos
e suas comunidades a uma vida essencial e austera, de proximidade aos pobres, transparência
e responsabilidade na gestão dos bens”.
Francisco desenvolveu seu discurso
a partir de três pontos, começando pela missão própria dos salesianos: a evangelização
dos jovens, unida à educação. “Na atual emergência educativa, disse, é fundamental
aplicar com o “sistema preventivo” de Dom Bosco e experimentar novas linguagens, bem
sabendo que a do coração é a mais direta para se aproximar e ser amigos dos jovens”.
Em seguida, o Papa mencionou a dimensão vocacional, particularmente em destaque
em 2015, Ano dedicado à Vida Consagrada. O zelo vocacional requer atenções como a
oração, atividades e percursos pessoais, coragem para propor, acompanhar e envolver
as famílias. “É preciso evitar visões parciais para não suscitar respostas vocacionais
frágeis, com motivações vacilantes”, recomendou.
Em segundo lugar, o Papa
citou o mundo da exclusão juvenil e do desemprego e suas consequências. Falou do problema
das dependências e de suas raízes, que derivam da falta de amor; e disse que trabalhar
com jovens marginalizados requer coragem, maturidade e muita oração. “Por isso,
é necessário um atento discernimento e um constante acompanhamento”.
No
último ponto, Francisco lembrou o papel de trabalhar em comunidade, mesmo que estas
vivam, por vezes, tensões causadas pelo individualismo e pela dispersão: “Acolhimento,
respeito, ajuda recíproca, compreensão, cortesia, perdão e alegria”, aconselhou,
ressaltando que o espírito de família deixado por Dom Bosco ajuda neste sentido, pois
favorece a perseverança e cria atrativos para a vida consagrada.
Antes de
se despedir, o Papa fez votos que o bicentenário de nascimento de Dom Bosco seja um
momento propício para repropor o carisma do Fundador. (CM)