Cidade do Vaticano
- (RV) - A primeira leitura nos diz que Deus não se impressiona com a aparência,
seus critérios são outros. Enquanto o homem “vê a aparência, Deus olha o coração”,(conf.
I Sam 16, 7). E o coração que agrada a Deus é o dos pequenos, dos humildes. Também
nós deveríamos não nos impressionar com a beleza externa das pessoas, mas deixar o
Espírito falar e observar a beleza interna.
No Evangelho, o cego é o único
dentre a multidão, a reconhecer Jesus como o Messias, como o Redentor, como o Senhor.
Sua profissão de fé é feita aos poucos. Primeiro ele pede a cura para sua deficiência
visual. Após a cura física, ele vai proclamando que foi Jesus quem o curou. Isso causa
problemas com os sacerdotes e ministros religiosos. O cego não tem dúvidas e dasfia
os poderosos que o expulsam da comunidade. Ao encontrar Jesus, aquele que fora
cego faz sua profissão de fé, ajoelhando-se e proclamando Jesus como Senhor. A
reação do Cristo, diante do confronto do ex-cego com a liderança religiosa e a multidão,
faz o registro das duas cegueiras, a física e a espiritual. “Se vocês fossem cegos
não teriam pecado. Mas como dizem que enxergam, o seu pecado permanece”, diz para
as lideranças. Pecado é permanecer na escravidão de convicções antigas que não libertam,
é não procurar a verdade e não se abrir a ela, é não reconhecer em Jesus de Nazaré,
a luz que veio ao mundo.
É sobre a luz de Jesus, o texto da Carta de Paulo
aos Efésios. Pelo batismo fomos iluminados pela luz de Cristo. Deixemo-nos iluminar
por ela. O fruto dessa luz chama-se bondade, justiça, verdade. A fé é a
iluminação que faz ver.
O ser humano corre o risco de fazer escolhas segundo
as aparências. O episódio do cego nos confirmou esse risco, quando os mestres da Lei
rejeitaram o testemunho dele e o expulsaram. São Paulo falou-nos que Cristo é Luz
e ilumina nós, os batizados.
Um antigo hino cristão, usado pelo Apóstolo, encerra
nossa reflexão: “Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti
Cristo resplandecerá.”