Papa Francisco vai encontrar-se em Roma com vítimas da Mafia numa vigília de oração
Na próxima sexta-feira, 21 de março, o Papa Francisco vai-se encontrar com membros
de uma associação que apoia vítimas de redes mafiosas. O Papa vai falar com os participantes
e presidir, às 17.30, a uma vigília de oração, num encontro promovido pela Fundação
‘Libera’, criada pelo padre Luigi Ciotti (foto), na igreja de São Gregório VII da
capital italiana. Uma nota divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé refere
que o encontro é “dedicado às vítimas inocentes das máfias” e decorre na véspera da
19ª ‘Jornada da Memória e do Compromisso”, desta vez convocada para a cidade de Latina,
a sul de Roma. Cerca de 700 pessoas vão representar 15 mil familiares de pessoas assassinadas,
feridas ou que foram vítimas de extorsão por diversas organizações criminosas na Itália. Comentando
o facto, padre considerou que é "muito bonito" que o Papa se tenha disponibilizado
para participar na leitura de "todos os nomes das vítimas, neste 21 de março, primeiro
dia da primavera", elogiando ainda a disponibilidade "imediata" de Francisco. No
passado dia 26 de janeiro, o Papa Francisco referiu-se ao assassinato de uma criança
italiana Nicolau, queimado dentro de um carro, na Calábria (Itália), num ajuste de
contas da Mafia local, algo “que – disse - parece não ter precedentes na história
da criminalidade”, e pediu orações pela vítima e pela conversão dos autores do crime. E
a 26 de março do ano passado, prestou homenagem ao padre Giuseppe Puglisi, sacerdote
assassinado pela Mafia siciliana em 1993 e que tinha sido beatificado no dia anterior,
lembrando as redes mafiosas que escravizam e exploram seres humanos. “Penso nas muitas
dores, de homens e mulheres, também crianças, que são explorados por tantas máfias,
que os exploram obrigando-os a trabalhos que os tornam escravos”, como a prostituição,
disse perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Para o Papa Francisco,
"por detrás destas explorações, destas escravidões, estão máfias”, pelo que pediu
orações para que Deus “converta o coração destas pessoas”. “Não podem fazer isto,
não podem transformar os nossos irmãos em escravos”, advertiu. "Rezemos para que estes
mafiosos e estas mafiosas se convertam”, insistiu. O padre italiano Pino Puglisi
foi beatificado a 25 de março de 2013 em Palermo, numa cerimónia ao ar livre que reuniu
cerca de 100 mil pessoas. Em 2012, o Conselho Pontifício da Cultura promoveu na
Sicília uma iniciativa de diálogo cultural e de sensibilização contra a Mafia. ‘Cultura
da legalidade e sociedade multirreligiosa’ foi o tema escolhido para uma sessão do
‘Pátio dos Gentios’, estrutura destinada ao diálogo com os não crentes. Bento XVI
visitou a Sicília em outubro de 2010, tendo deixado por palavras e gestos simbólicos
contra a Mafia, que qualificou como “um caminho de morte, incompatível com o Evangelho”.
Antes do regresso a Roma, no caminho para o aeroporto, o agora Papa emérito quis que
o cortejo parasse em Capaci, no local onde aconteceu o atentado contra o juiz Giovanni
Falcone, depositando ali uma coroa de flores e rezando em silêncio, em memória de
todas as vítimas de organizações mafiosas e da criminalidade organizada.