Os cristãos cuidem com amor das várias pobrezas - materiais, morais e espirituais:
Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2014
No tempo da Quaresma, a Igreja seja "bem disposta e diligente" em cuidar de toda a
miséria material, moral e espiritual, com o anúncio do Evangelho e o serviço concreto
da caridade: pede o Papa Francisco na sua Mensagem para o período de preparação para
a Páscoa, que começa no próximo 5 de Março, quarta-feira de cinzas.
Para o
Papa, há três misérias que nunca faltaram no mundo: não ter nada - ou ter muito pouco
- para viver com dignidade no meio dos outros; ter um coração e uma mente queimados
por qualquer espécie de escravidão; ou ter as mãos até cheias de bens, mas a alma
vazia, por não saber acreditar em nada, porque nada vale a pena. Há, por outro lado,
o "antídoto": o Evangelho. Para o Papa, a Quaresma consiste essencialmente em tratar
as misérias pondo em prática o Evangelho.
A mensagem do Papa gira em torno
da pobreza cristã, como a explica S. Paulo : Jesus, "sendo rico, fez-se pobre para
vós, para que vos tornásseis ricos com a sua pobreza". Isto, escreve o Papa, "não
é um jogo de palavras", nem "uma expressão para impressionar", mas sim a demonstração
do "estilo de Deus" e da sua "lógica". Deus revela-se ao mundo com a pobreza do seu
Filho, "despojado" de poder e glória, porque a sua maneira de amar o homem é feita
de "graça, generosidade e desejo de proximidade".
"Deus – prossegue a mensagem
- não fez cair do alto a salvação sobre nós, como a esmola de quem dá parte do seu
supérfluo com pietismo filantrópico". Deus, pelo contrário, é um Pai que, em Jesus,
"não hesita em se doar e sacrificar pelas criaturas amadas". A caridade, o amor -
insiste - "é partilhar em tudo o destino do amado". E este tipo de amor "torna semelhante,
cria igualdade, derruba os muros e as distâncias". Portanto, explica o Papa, "esta
pobreza com a qual Jesus nos liberta e nos faz ricos" é "mesmo o seu modo de nos amar,
de se fazer próximo de nós como o Bom Samaritano ". E para os cristãos, sempre, mas
sobretudo na Quaresma , não existe estrada melhor que "a imitação do Mestre".
Do
tipo de amor, o Papa Francisco passa aos objectivos. "Somos chamados - diz - a olhar
para as misérias dos irmãos, tocá-las e carregá-las sobre nós trabalhando concretamente
para as aliviar". A miséria, esclarece o Papa, "não coincide com a pobreza; a miséria
é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança". E depois distingue:
a miséria "material" é a mais evidente pela qual uma pessoa não tem comida suficiente
ou água, condições higiénicas, emprego, oportunidades de desenvolvimento e crescimento
cultural. Perante isto, sublinha o Papa Francisco, "a Igreja oferece o seus serviço",
em sentido amplo, ou seja, empenhando-se também para que "cessem as violações da dignidade
humana, as discriminação e assédios que, em muitos casos, estão na origem da miséria".
"É necessário - diz - que as consciências se convertam à justiça, a igualdade, a
sobriedade e a partilha".
Ver texto integral da Mensagem, em português,
na secção "Mensagens e Documentos"