"13-20 de Janeiro: uma semana por Cabo Verde" - Comentário do Doutor André Corsino
Tolentino (1ª parte)
Segundo o
político e intelectual cabo-verdiano, David Hopffer Almada, existe em Cabo Verde,
desde os anos 90, uma luta pela memória colectiva entre, por um lado, os que consideram
ser mais importante o 20 de Janeiro, dia do assassinato de Amílcar Cabra (1973), líder
da luta pela indepência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, e por isso eregido a Dia
dos Heróis Nacionais e, por outro, os que atribuem maior valor ao 13 de Janeiro (1991)
por ser, dizem, a data que marca o início da era democrática no país.
Este
ano tentou-se ultrapassar esta contenda, com um programa de comemoração intitulada
"13-20 de Janeiro:uma semana por Cabo Verde" .
Um dos artífices desse
programa, que uniu a Presidência da Républica, o Governo e diversas faixas da sociedade
civil, nomeadamente a ACOLP, Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria, foi
o Doutor André Corsino Tolentino, Embaixador, antigo Ministro da Educação,
Administrador da Fundação Amílcar Cabral e, enquanto ex-combatente, membro da ACOLP.
Em
conversa com a Rádio Vaticano, considerou positivo o programa que, a seu ver, terá
lançado as bases para a construção de pontes e corredores entre os partidários duma
ou doutra data, até porque - disse citando o Presidente da República, Jorge Carlos
Fonseca - sem um território independente e soberano não se pode construir a democracia.
Oiça então a primeira parte da entrevista em que começa por falar das razões
que o levaram a aceitar o desafio que lhe lançara, pouco tempo antes da sua morte,
a ex-combatente, Paula Maria Fortes, de fazer do seu manuscrito "A Minha Passagem"
aquilo que ele achasse melhor. O resultado foi um livro de memórias publicado na cidade
da Praia em 2013 pela Fundação Amílcar Cabral.
Na entrevista o Doutor Tolentino
não deixa de comentar as palavras da Paula, segundo a qual, embora Amílcar Cabral
tivesse incutido nos combatentes o respeito e a inclusão da mulher na luta de libertação,
elas não foram devidamente integradas nas esferas de decisão do PAIGC, Partido Africano
para a Indepencia da Guiné e Cabo Verde.