Cidade do Vaticano
(RV) - Celebramos, nesta festa, a abertura do Reino de Deus para todos os povos,
para todos aqueles que possuem sentimentos de paz, que buscam fazer o bem e evitar
o mal. Deus acolhe em sua casa todos os homens de boa vontade. É o redimensionamento
da História da Salvação, ou melhor, é a plenificação de seus objetivos.
No
presépio eram os pastores judeus a adorarem o Menino Jesus, a verem cumpridas as profecias
da vinda do Messias, agora, representando toda a Humanidade, temos os Magos adorando
o Redentor de todos os homens.
A festa da Epifania mostra a saída dos judeus
do protagonismo da Economia da Salvação e tomada de posse do novo povo de Deus, ou
seja, de todos aqueles que aceitam o Menino Deus, o Príncipe da Paz, como o Cristo
Redentor!
Na primeira leitura, extraída do Livro de Isaías, temos o anúncio
da manifestação da glória do Senhor sobre Jerusalém e a consequente vinda para ela
dos outros povos, para também serem iluminados pela luz divina.
Como segunda
leitura, temos um trecho da Carta de Paulo aos Efésios. Lá ele nos diz que essa glória
que ilumina Jerusalém e atrai para ela os demais povos é Jesus Cristo. Através d’Ele
todos os povos “são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados
à mesma promessa”.
Já no Evangelho São Mateus clarifica, com a vinda dos Magos,
a atração dos povos pela luz que ilumina Jerusalém. E ela os conduz à casa da luz,
à casa onde habita a Luz do Mundo, Jesus Cristo.
Paradoxalmente, São Mateus
fala que os doutores da Lei, aqueles que deveriam possibilitar a Luz iluminar, não
querem ser incomodados pela luz e preferem permanecer na escuridão.
Ao contrário,
os magos, representando aqueles que não receberam a Revelação, como a receberam os
judeus, usaram suas inteligências, cultura, todos os recursos que possuíam e intuíram
o nascimento do Messias através do surgimento de uma estrela com um brilho extraordinário,
a estrela guia. Por isso passaram a fazer parte do novo Povo de Deus, aceitando os
ditames do Menino Deus, da aliança feita por Ele através do derramamento de seu sangue,
e vivendo o amor, o perdão, a simplicidade de vida, a generosidade, entre outros valores.
Nas
festas de Natal demonstramos nosso poder aquisitivo na compra de presentes e no preparo
de uma ceia faustosa, contudo, a comida já foi para um lugar escuso e os presentes
começaram a perder o seu valor e poderão ir parar nas mãos de quem não amamos. O tempo
corrói! Mas as esmolas que demos, as visitas que fizemos, os moradores de rua que
levamos para cear conosco, o tempo gasto com pessoas marginalizadas pela sociedade
e também o tempo dedicado à oração foram contabilizados na economia da salvação, se
transformaram em bens de eternidade, de acordo com os valores do Grande Rei, o Menino
que nasceu no presépio e morreu na cruz, após lavar os pés de seus discípulos.
Como
foi o nosso Natal? Como encaramos as exigências da revelação? Se temos dificuldades,
peçamos a intercessão da Virgem Maria e de São José para mudarmos o nosso modo de
pensar e de agir. Sabemos que o velho e viciado modo de pensar e de agir fala mais
alto na hora das decisões. A salvação não virá dos poderosos, nem do dinheiro, nem
da sociedade consumista. Será de um coração despojado, fraterno, pobre, que confia
em Deus e n’Ele tem sua única riqueza que o Senhor se servirá para fazer o bem.
Como
os Magos, desviemos nossa caminhada daquelas pessoas ou situações que nos afastam
de Deus, que optam pelo Mal, que preferem o acomodamento à prática do bem.
A
Igreja tem a missão de ser farol porque nela está a Luz Verdadeira. Como batizado
faço parte da Igreja e a vela acesa que recebi logo após ter sido lavado no sangue
de Jesus, me leva a manifestar a misericórdia de Deus a todos o homens, façam já parte
da Igreja, ou ainda não. Tenhamos a coragem de romper com os vícios do passado
e vivamos a autenticidade do Evangelho. Permitamos que o Senhor faça sua Epifania
através de nós, como a fez através de Teresa de Calcutá e de tantos homens e mulheres
de todos os tempos. É preciso coragem! Coragem! Ele venceu o mundo!